A população serrana do concelho foi muito afetada pelo fogo que deflagrou a 18 de julho de 2012 em Cachopo, freguesia do município vizinho de Tavira, e consumiu durante quatro dias mais de 20 mil hectares na serra do Caldeirão, destruindo à sua passagem casas, culturas de sobreiros e oliveiras, zonas de caça ou explorações de mel nos dois concelhos.

A grande maioria dos afetados, sobretudo idosos, ficou sem as suas fontes de rendimento e várias dezenas viram habitações ou anexos arderem, levando o Governo a criar uma resposta de emergência para a reconstrução de casas destruídas, com um Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS) para cada uma das autarquias afetada.

Em São Brás de Alportel, das 18 habitações que ficaram total ou parcialmente destruídas, sete estão a ser reconstruídas ao abrigo do CLDS e os proprietários começam agora a acreditar que vão voltar às suas residências, após um ano de dúvidas, incertezas e muita burocracia, resolvida com o apoio dos técnicos do Centro de Cultura e Desporto dos Trabalhadores da Junta de Freguesia e da Câmara de São Brás de Alportel.

O Centro foi a instituição particular de solidariedade social que ficou responsável pela aplicação do CLDS em São Brás e que celebrou com os empreiteiros, em fevereiro, os contratos para a reconstrução de casas.

Ilídio Fernandes é um dos proprietários que têm a casa praticamente concluída, na aldeia de Cabeço do Velho, mas recordou à agência Lusa que este “foi um ano com dificuldade até dizer chega e que continuam”, após ter perdido animais, casa e todo o vinho, azeite ou batata armazenados.

O morador contou também que, durante o incêndio, ficou junto da casa para a tentar proteger, assim como aos animais, mas poucos bombeiros chegaram ao local, pelo que questionou a coordenação do combate ao sinistro, que contou com mais de mil homens e uma dezena de meios aéreos.

Ilídio Fernandes disse que, agora, já está na “esperança” de ver a sua habitação reconstruída, porque a obra está “à vista, a acabar”, e destacou o trabalho dos técnicos do Centro de Cultura e Desporto para ter acesso às ajudas públicas.

“É a única ajuda que tenho tido para isto avançar”, afirmou, frisando que, de outra forma “era difícil e de que maneira” fazer frente aos prejuízos.

Também com a sua habitação praticamente reconstruída, Maria José Martins mostrou a satisfação por se ter conseguido fazer alguma coisa neste ano, quando “todos diziam que não iam fazer nada”.

Maria José Martins explicou que foi obrigada a sair de casa para ir viver com o filho, onde esteve dois meses até regressar para junto da sua residência e se acomodar num anexo perto da habitação, que já está praticamente feita.

Agora, espera que a obra termine e que possa regressar à sua casa, mas sem esquecer o último ano e as dificuldades por que passou.

Lusa