Tal como estava previsto e tinha sido anunciado em 2020 na inauguração da exposição com documentos do arquivo e peças do espólio museológico da paróquia de Olhão, foi editado um catálogo ilustrado que foi apresentado no passado sábado.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A publicação decorreu no próprio Museu Municipal de Olhão no edifício do Compromisso Marítimo onde ainda se encontra patente a exposição promovida no âmbito do programa de comemorações dos 325 anos da criação da paróquia e da freguesia de Olhão celebrado em 2020, mas adiado por causa da pandemia.

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A responsável do Arquivo Municipal lembrou que, no âmbito do protocolo estabelecido com a Câmara de Olhão, aquele serviço inventariou a documentação da paróquia “que estava em bom estado de conservação, mas inacessível ao público”. “Digitalizámos todo o espólio e disponibilizámos toda a documentação e informação da paróquia que a partir de hoje pode ser consultada online”, informou Helena Vinagre.

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“Encontrámos algumas surpresas. Pensávamos encontrar documentação mais antiga que continuamos sem saber onde está”, acrescentou lembrando que a paróquia foi criada em 1695, mas que o documento mais antigo encontrado no arquivo paroquial data de 1743. “É um acervo de batismo que está no Arquivo Distrital de Lisboa”, precisou, acrescentando que foi também encontrada documentação das paróquias de Pechão e de Quelfes e “outros fundos de mordomias e confrarias”.

Já o diretor do Museu Municipal e coordenador do catálogo considerou que “toda a coleção estava num estado de conservação que inspirava grande cuidado”. Hugo Oliveira desafiou à reflexão sobre o futuro daquela coleção. “Fico preocupado de esta coleção voltar para o sítio onde estava. Não é que não seja digno, é a questão da conservação”, concretizou, explicando que o trabalho do museu foi também o da investigação levada a cabo pelas investigadoras Sandra Romba e Veralisa Brandão, que também assinam os textos do catálogo.

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O diretor do Arquivo Distrital de Faro, Paulo Mariz Lourenço, também presente, exortou a que se partilhe aquela experiência entre as paróquias e os arquivistas para que aquela iniciativa se replique “com a mesma qualidade e sucesso noutras paróquias ao longo do Algarve”.

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O pároco de Olhão afirmou que aquele trabalho nasceu devido à sensibilidade e ao interesse do Município de Olhão. “O espólio documental e imaterial de uma comunidade é o seu retrato e esse retrato torna-se visível a todos”, sustentou o padre Armando Amâncio.

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O presidente da Câmara de Olhão também aludiu ao “desafio” futuro da “preservação”, procurando encontrar “um lugar melhor, desde que a paróquia e o bispado assim o entendam que garanta a conservação, mas, mais do que a conservação, o dar a conhecer”. “É determinante que as nossas futuras gerações possam conhecer de onde vieram e quanto custou construir este município”, afirmou António Pina, que agradeceu ainda ao pároco. “O senhor padre Armando é alguém que entende que a história do nosso povo que liga à fé, que a sua cultura e a fé estão misturadas e a pertença da Igreja é pertença de todos os que são fiéis, os que são crentes, mas também de todos aqueles que, mesmo não crentes, respeitam a sua história e a história da Igreja”, concluiu.

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Ainda naquele dia, no contexto do lançamento da edição de luxo conta com 132 páginas, foi realizada uma cantata, sob a direção do padre António Cartageno, em honra de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, na igreja matriz.