A iniciativa, que se realizou em plena Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, e que contou com membros daquelas Igrejas, ficou marcada pelo reconhecimento do bom relacionamento e apoio entre as diferentes confissões cristãs presentes no Algarve e pela constatação da necessidade de prosseguir com maior empenho nesse caminho da unidade.
O Bispo da Igreja Católica no Algarve, que destacou o facto de aquela oração ter sido preparada este ano pelas Igrejas cristãs presentes na cidade de Jerusalém, apontou ao acolhimento fraterno e ao crescimento rumo à unidade. “Temos obrigatoriamente de nos tratar como irmãos, de nos acolhermos. A verdade da nossa oração, ofertas e participação na Eucaristia mede-se pelo modo como nos acolhemos uns aos outros”, advertiu D. Manuel Quintas.
O Bispo católico salientou a importância da comunhão entre as diferentes Igrejas cristãs sugerida pelo tema escolhido deste ano para a semana referida: “Unidos no ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (Act 2). “Vivemos hoje num tempo e numa sociedade em que somos profundamente marcados pelas necessidades de tantos dos nossos irmãos que perderam o emprego e em que esta convulsão financeira e económica transtornou totalmente as suas vidas. Por isso, era importante que esta proposta à partilha dos bens nos despertasse, porque passa por aí também a construção e o caminho da unidade. Quanto mais vivermos o sentido da fração do pão na Eucaristia e quanto mais intensificarmos a nossa oração, mais progrediremos neste caminho da unidade”, afirmou.
O padre Bob Bates, da Capelania de São Vicente da Igreja Anglicana, lembrou a vontade de Jesus de que “que todos sejam um”, lamentando, no entanto, que a humanidade tenha “feito o possível para fragmentar a unidade”, também através de “grupos e divisões dentro do Cristianismo”, que fazem com que o seu restabelecimento pareça um “sonho sem esperança, improvável num futuro próximo”.
O sacerdote, que lembrou que cada indivíduo tem a sua própria relação com Deus, criticou um certo comodismo implícito nesse relacionamento. “Estamos confortáveis com a nossa imagem de Deus, contentamo-nos em pensar Deus à nossa maneira e somos cautelosos em relação às opiniões dos outros”, lamentou.
No entanto, apontou como sinal de esperança, o facto de os cristãos de hoje, à semelhança do que acontecia com as primeiras comunidades, colocarem tudo em comum. “Partilhamos a liturgia, as nossas esperanças para o mundo e a linguagem do amor de Cristo. Entre nós, Igrejas irmãs, as necessidades da comunidade. A Igreja Católica é generosa ao ceder-nos os seus edifícios”, frisou.
O sacerdote anglicano, que defendeu a unidade na diversidade, considerou ser preciso percorrer um “longo caminho” para alcançar a “unidade absoluta” porque há “grandes obstáculos quase intransponíveis para superar”. No entanto, testemunhou a criação de uma “verdadeira amizade entre as confissões” e a “excecional qualidade” da oração partilhada entre as Igrejas. “Um dia talvez possamos encontrar uma maneira de partilhar o partir do pão em conjunto”, desejou.
O padre Ioan Râsnoveanu, da Igreja Ortodoxa Romena, apelou à necessidade de “reconciliação e perdão entre os irmãos” e o padre Oleg Trushko, da Igreja Greco-católica de rito bizantino, pediu que o Espírito Santo guie cada cristão no seguimento de Cristo, o “verdadeiro caminho”.
Ausentes na celebração, que contou com a participação de um coro do Movimento dos Focolares no Algarve, estiveram a Igreja Ortodoxa Russa por motivo da mudança do Metropolita para a Europa Ocidental e a Igreja Luterana, cujo pastor também não pôde estar presente. A Igreja Evangélica também não se fez representar.
Samuel Mendonça
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico