O Seminário algarvio foi mesmo incluído no programa da iniciativa que proporcionou aos seus participantes uma visita ao edifício guiada pelo reitor da instituição e vigário episcopal para a Pastoral da Diocese do Algarve, o cónego José Pedro Martins.

As obras de conservação e restauro das fachadas voltadas para a muralha da cidade foram o alvo da visita que antecedeu a vertente teórica do workshop. Acompanhados também por vários técnicos da CCDR, os participantes visitaram a capela, a biblioteca, uma das salas de estar e também o passadiço exterior junto à muralha. De entre os trabalhos de que o Seminário foi alvo destacou-se a recuperação e o isolamento das estruturas da cobertura.

O grupo acabou por visitar também o Paço Episcopal a convite do cónego José Pedro Martins que fez questão de mostrar a degradação dos painéis de azulejos, provocada pelo salitre.

Aquele responsável garantiu aos presentes que “o Paço Episcopal e o Seminário são visitáveis”, por isso, “qualquer entidade que queira organizar uma visita pode fazê-lo”.

Já na sede da CCDR, o presidente daquela comissão referiu-se ao significado das intervenções realizadas num total de 1,7 milhões de euros. “É a importância de não deixar degradar todo um conjunto de edifícios que têm a ver com a nossa história e memória e com a nossa competitividade enquanto região turística, porque, num mundo globalizado, a afirmação das regiões também se faz pela sua diferenciação”, afirmou João Faria.

O presidente da CCDR defendeu ainda a continuidade daquele programa pelo “efeito de alavancagem que o montante, apesar de tão reduzido, permite na conservação e na manutenção dos equipamentos”. “Sem esta contribuição muitas das instituições responsáveis pelos equipamentos não estariam em condições de fazer a sua conservação porque não libertam recursos necessários para o levar a cabo”, justificou.

Também a governadora civil do distrito de Faro concordou que a quantia investida não é significativa. “O montante não mostra a importância do trabalho realizado, porque há montantes muito pequenos mas que representam muito para uma comunidade”, disse Isilda Gomes. “Este trabalho é uma obrigação de todos nós, mas poucos de nós o assumem. São meia-dúzia os que trabalham para que este património se mantenha de pé”, lamentou.

Isilda Gomes pediu aos algarvios que tenham orgulho no seu património. “O património do Algarve está muito pouco conhecido e temos muito pouca informação sobre ele. Todos temos obrigação de contribuir para que a nossa história e memória sejam preservadas. Um povo sem história é um povo sem futuro. Se não temos a nossa história, se não reconhecemos a nossa memória e se não temos orgulho nas nossas raízes então temos muito pouco futuro à nossa frente”, alertou.

Como representante do Governo na região, Isilda Gomes deixou a promessa de fazer chegar ao Terreiro do Paço a sua voz procurando fazer sentir “o bom trabalho realizado e a importância que ele tem” para o Algarve. “Este programa enriqueceu o Algarve”, considerou.

Também a directora regional de Cultura do Algarve, ausente em Lisboa, manifestou através de um comunicado o seu regozijo com a recuperação do património. “A lista dos imóveis recuperados indica que estamos perante uma mudança significativa no panorama do património cultural algarvio”, escreveu Dália Paulo.

António Rosa Mendes, docente da Universidade do Algarve, considerou que “estas pequenas intervenções consubstanciam uma nova concepção de desenvolvimento”. Lamentando que a cultura tenha sido durante muito tempo tida como “algo que não é comportável nas estratégias de desenvolvimento”, Rosa Mendes explicou que hoje “a cultura é algo fundamental para abrir trajectórias de futuro”.

Na lista das intervenções realizadas no Algarve no período em causa constam, para além das obras já referenciadas, a reparação e consolidação de estuques ornamentais do interior da cúpula do Convento de São Francisco, em Tavira, incluindo a reposição e reparação dos vãos do zimbrório e os vãos laterais; o restauro e recuperação da sacristia e da igreja de São Francisco, em Pêra, o restauro da igreja de São Bartolomeu de Messines; a reparação e recuperação dos retábulos da igreja paroquial da Raposeira e as obras na igreja paroquial de Barão de São Miguel e na igreja de Nossa Senhora da Graça, da Fortaleza de Sagres; as obras de conservação e recuperação da igreja matriz de Estoi; e o Centro de Convívio da Feiteira (Cachopo), para além de muitas outras intervenções em equipamentos de cariz cultural, desportivo e recreativo.

Terminado o workshop que contou ainda com uma apresentação do elenco dos edifícios recuperados e com uma intervenção técnica de uma empresa envolvida nos trabalhos de recuperação, o programa teve continuidade com o Concerto de Reis oferecido pela Diocese do Algarve.

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