A chuva que se fazia sentir hoje de manhã em Viseu não impediu que cerca de 700 alunos saíssem à rua, envergando faixas negras onde se podia ler "Ensino gratuito? com manuais a 30 euros" ou "(J)aulas de substituição".

Os alunos das três escolas secundárias de Viseu e ainda da Escola Básica 2/3 Grão Vasco concentraram-se no Rossio, seguindo até ao Governo Civil, onde se fizeram ouvir alguns gritos de ordem apelando à avaliação contínua.

Ao Governador Civil de Viseu, os representantes dos estudantes levaram um caderno reivindicativo que será entregue à ministra da Educação. Entregue o documento, cerca das 10:30, os alunos desmobilizaram.

O porta-voz dos estudantes, André Mateus, considerou que a mobilização de hoje foi "fantástica", sublinhando que nenhuma escola foi fechada a cadeado. No entanto, adiantou, os alunos não fazem tenção de ir hoje às aulas.

Em Faro, cerca de 300 alunos das escolas do Algarve concentraram-se frente ao Governo Civil para mostrar o seu descontentamento com o novo estatuto do aluno.

"Alunos unidos jamais serão vencidos" e "Piu piu piu a ministra já caiu" eram algumas das palavras de ordem gritadas pelos alunos, que estavam escoltados pela polícia.

No Porto, cerca de 150 alunos de sete escolas da cidade, de Gaia e Matosinhos concentraram-se frente à Câmara do Porto, gritando frases como "Não à repressão, liberdade de expressão", "Exames Nacionais não" e "Chega de mais do mesmo".

Segundo Rita Santos, da Delegação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico (DNAESB), que promoveu este "dia de luta nacional", a maioria das concentrações estão previstas à porta dos estabelecimentos de ensino, já que os problemas materiais e humanos de algumas escolas justificam "uma luta de maior proximidade".

Foi o que aconteceu em Torres Vedras, onde cerca de 30 alunos das escolas Henriques Nogueira e Madeira Torres se concentraram alternadamente frente a cada uma das escolas.

"É essencial educação sexual", "Sócrates escuta, estudantes estão em luta" "estudantes de luto contra o novo estatuto" e "não, não às aulas de substituição" podiam ouvir-se na concentração de Torres Vedras que, apesar do apelo à participação, teve uma adesão reduzida.

Com este "dia de luta nacional", os estudantes exigem mais investimento nos estabelecimentos de ensino, o fim dos exames nacionais e da figura dos diretores e reivindicam a "efetiva aplicação" da educação sexual e um estatuto do aluno "inclusivo".

"Uma das nossas lutas prende-se também com os impedimentos dos conselhos diretivos de realização das reuniões gerais de alunos. Existe também muita tentativa de intervenção dos conselhos no movimento associativo, além de se intrometerem nos processos eleitorais", afirmou Rita Santos, acusando algumas direções de impedirem alunos de participar em manifestações.