O Centro Paroquial de Santa Maria de Tavira, que neste ano de 2013 celebrará 25 anos de fundação, integra, desde novembro passado, uma nova valência que se veio juntar às de lar, centro de dia, apoio domiciliário e cantina social que já tinha a funcionar no Lar de Santa Maria.
A creche “O Bambino”, que começou a funcionar no final do ano passado com a abertura do Centro Intergeracional da Pegada, veio acrescentar ao trabalho daquela instituição o cuidado com os mais novos (crianças dos zero aos três anos) e reforçou a vertente social do Centro Paroquial.
O padre Flávio Martins, responsável pela instituição, explica ao Folha do Domingo que as receitas que possam resultar do novo lar de idosos do Centro Intergeracional da Pegada são integralmente para garantir a sustentabilidade da nova creche que acolhe, presentemente, 42 crianças mas poderá chegar às 66. “Seguimos a fórmula da Segurança Social, sem tetos máximos nem mínimos, a partir do IRS dos pais e os pagamentos são de acordo com os rendimentos das famílias. Temos pais que pagam 10 ou 20 euros mensais”, explica o sacerdote, garantindo que as mensalidades não chegam para pagar quatro funcionários e a creche tem 12, três educadoras e nove auxiliares.
No lar do Centro Intergeracional da Pegada, 32 dos 40 utentes pagam 958 euros mensais, valor a que é somada a comparticipação da Segurança Social de 326 euros mensais por idoso, um apoio que, segundo o padre Flávio Martins, é crucial para o equilíbrio financeiro da instituição. “A sustentabilidade do Centro Intergeracional da Pegada não é assegurada apenas com as mensalidades dos idosos que chegam apenas para pagar os ordenados dos funcionários”, assegura.
O padre sacerdote salienta que a instituição “não tem que ter lucro”, até porque a responsabilidade social do Centro Paroquial se estende também aos seus colaboradores. “As funcionárias, para aquilo que fazem, ganham pessimamente e, quando tivermos condições, queremos pagar-lhes aquilo que o trabalho delas merece”, afirma o sacerdote, sustentando haver uma “preocupação com as regalias sociais dos funcionários”. “Vamos manter o pagamento das horas extraordinárias e dos feriados”, concretiza, relatando que em cada instituição existe uma máquina de café cuja receite reverte a favor da saúde dentária dos funcionários.
O Centro Intergeracional da Pegada acolhe utentes de todo o concelho de Tavira, mas também dos concelhos de Loulé e Portimão, provenientes das oito vagas sociais reservadas à Segurança Social.
Também no Lar de Santa Maria a comparticipação da Segurança Social, no valor de 326 euros mensais por idoso, é determinante para a sua sustentabilidade. Ali, dos 60 utentes, 30 pagam menos de 400 euros mensais e alguns só conseguem pagar pouco mais de 200 euros. “São situações de maior carência social”, explica o pároco de Tavira, sublinhando que aquela instituição, a primeira do Centro Paroquial, tem também a funcionar o apoio domiciliário para 15 utentes, o centro de dia, para o mesmo número de beneficiários, e a cantina social que serve 85 refeições diárias.
Aquele responsável explica ainda que o Centro Intergeracional da Pegada criou 44 novos postos de trabalho, aumentando para 84 os funcionários do Centro Paroquial de Tavira, e custou 3,5 milhões de euros, tendo sido comparticipado pelo Programa de Alargamento da Rede Social (PARES) em cerca de 990 mil euros, pela Câmara Municipal de Tavira em cerca de 600 mil euros e pelos católicos das paróquias de Tavira em cerca de 150 mil euros. Atualmente resta apenas à instituição pagar o empréstimo bancário de 1 milhão de euros que contraiu para financiar a obra e que deverá ser amortizado em 15 anos.
Tão breve quanto possível, a direção do Lar de Santa Maria pretende fazer melhoramentos no edifício, nomeadamente na cozinha e no pavimento.
Samuel Mendonça