O responsável pelos Centros Paroquiais de Cachopo, Martim Longo e Vaqueiros lamenta a falta de uma rede de transportes públicos no interior algarvio que permita contratar mais trabalhadores para aquelas instituições.
O diácono Albino Martins garante não haver mais recursos humanos para empregar em Cachopo e diz não conseguir angariar trabalhadores de fora por não existirem transportes públicos que liguem aquela freguesia a Tavira que fica a cerca de 43 quilómetros.
“Estando a freguesia extremamente envelhecida e neste momento não havendo recursos humanos com idade que permita serem contratualizados porque as pessoas estão já reformadas, temos de ir ao exterior buscá-los. Neste momento, na freguesia não há pessoas em idade de vida ativa. As que há estão a trabalhar nas instituições. É preciso deslocar pessoas do litoral para o interior para desenvolverem atividade aqui”, lamenta, acrescentando que “esses recursos seriam contratualizados a tempo inteiro e ficariam afetos à instituição”. “Se conseguíssemos 10 pessoas lá de baixo [litoral] eram 10 pessoas a quem daríamos trabalho”, garante.
Aquele responsável diz já contar “algumas cidadãs brasileiras” a trabalhar no Centro Paroquial de Cachopo. “Damos alojamento a essas pessoas em caso de necessidade, mas estamos também, com essas, a sentir alguma dificuldade porque as pessoas trabalham por turnos, têm dias de folga e nesses dias não têm como se deslocar”, lamenta, explicando que a maioria dos trabalhadores não quer residir na freguesia porque fica “presa a tempo inteiro”. “Uma pessoa que resida em Tavira e esteja disposta a deslocar-se para trabalhar em Cachopo, tendo família, ao fim da tarde tem de regressar a Tavira”, sustenta.
O diácono garante que o problema não é exclusivo daquela freguesia. “Se formos mais para cima encontramos outras instituições e outras aldeias e freguesias exatamente com o mesmo problema”, lamenta, acrescentando que “todo o interior neste momento carece de recursos humanos”. “Aqui em Cachopo, durante um período tivemos o apoio do município que nos transportou colaboradores de Tavira. Infelizmente esse serviço não pôde ter continuidade”, lastima.
O responsável diz que “o serviço público de transporte que é oferecido às pessoas implica sair às 7h de Cachopo e de Tavira às 18h, chegando a Cachopo às 19h”. “Se alguém tem possibilidades de se deslocar para Cachopo nunca encontra serviço público de transportes que lhe permita ser enquadrado nas instituições desta natureza”, critica.
O diácono Albino Martins lembra que a deslocação de transporte próprio fica muito dispendiosa para os trabalhadores. “Nunca tivemos uma situação dessas, em que alguém, pelos seus próprios meios, fizesse essas deslocações”, conta.
Aquele responsável dá como exemplo o Centro Paroquial de Cachopo que neste momento conta com 43 funcionários, mas tem nove de baixa médica. “Se há férias e falhas pontuais por alguma doença súbita ou outra situação qualquer põe em causa toda a dinâmica e desenvolvimento da atividade normal da instituição”, refere, explicando que se torna muito difícil gerir as instituições nestas condições.
Penso que a AMAL [Comunidade Intermunicipal do Algarve] devia idealizar algum apoio de transportes públicos para o interior do Algarve. O Algarve litoral está bem provido de meios de transporte, mas o interior não tem”, propõe.
Por outro lado, o responsável sublinha que a oferta de trabalho já se encontra limitada porque se destina a senhoras e “não é uma questão de discriminação”. “É uma questão que tem a ver com o serviço prático que elas realizam. A higienização, por exemplo de um idoso, é perfeitamente assumida por uma senhora. Mesmo os utentes têm alguma reticência que sejam homens realizar essas tarefas. Temos necessidade preferencialmente de senhoras”, explica.