João César das Neves veio no passado dia 4 de outubro ao Algarve defender que “a ‘Economia de Francisco’ não é uma coisa que se faça, é uma coisa que se pede na oração”.

O economista foi o convidado do núcleo algarvio da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores para uma conferência sobre o tema “Economia de Francisco: desafios que transformam” na abertura do novo ano pastoral da associação.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O movimento ‘Economia de Francisco’ é uma reflexão iniciada em 2019 pelo Papa Francisco com jovens economistas e empresários de todo o mundo, com inspiração em São Francisco de Assis.

No encontro que teve lugar em Faro, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, e que foi precedida da Eucaristia presidida pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, na igreja de São Francisco, João César das Neves começou por dizer que “o Papa Francisco tem sido um desafio para os economistas” e pediu para “levar a sério este desafio do Papa” em torno da reflexão sobre “o que é que São Francisco de Assis tem a dizer à economia de hoje”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O orador constatou que “o Papa quer mudar, revolucionar, transformar a economia”. “Todas as pessoas que eu conheço querem mudar a economia. Nunca vi ninguém que conseguisse mudar a economia. Andam todos a tentar e ninguém consegue. Querer mudar a economia é impossível, é uma utopia. Quer isto dizer que este movimento é um disparate? Não, o que isto quer dizer é que a mudança da economia é um milagre”, afirmou, acrescentando: “a primeira coisa que temos de perceber é que a ‘Economia de Francisco’ é um milagre que Nosso Senhor fará através de nós, mas não é uma coisa que vamos conseguir com o nosso esforço. Só percebendo que é um milagre é que a gente consegue avançar”.

César das Neves considerou ser por isso que se tem de rezar pelo movimento criado pelo Papa. Constatando que São Francisco parece inspirar ao “contrário da economia deste tempo”, o economista realçou que o santo de Assis “foi um milagre que aconteceu no início do capitalismo, no século XIII, que realmente transformou a economia e continua a transformá-la na vida de milhares de pessoas”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Por fim, o conferencista referiu que “gerir a empresa como sendo de Deus, não altera em nada o dia-a-dia da atividade, mas muda completamente o sentido” dela.

No encontro, que contou com a presença do secretário-geral da ACEGE, Jorge Líbano Monteiro, o bispo do Algarve disse estar “muito grato” pela existência da associação diocese. “Tenho testemunhado como os princípios que inspiram a ACEGE têm ajudado aqueles que fazem parte no Algarve desta associação. Isso é um benefício não só para as pessoas que constituem esta associação, mas para a nossa Igreja diocesana”, afirmou D. Manuel Quintas.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Sobre o propósito de uma “economia ao serviço da pessoa, em que a pessoa está no centro”, o bispo diocesano disse entender que “é possível fazer diferente e ter mais atenção à pessoa”. “É possível que esta economia contribua para o bem dos outros, não seja uma economia que mata, mas uma economia ligada à vida”, sustentou, apelando a “um trabalho digno para todos e que diminua o número de pobres”.

A conferência foi transmitida em direto nas redes sociais através de uma parceria colaborativa entre a a Mais Algarve e o Folha do Domingo.