A chuva que ontem à noite caiu sobre Pêra impossibilitou a realização da recriação da Paixão de Cristo.
A iniciativa, levada a cabo de dois em dois anos pela Comissão de Festas da paróquia de Pêra e pelo Centro Paroquial local, estava prevista ser retomada depois de não mais se ter realizado desde 2018 por causa da pandemia de Covid-19, mas as condições climatéricas não o permitiram.

Com tudo preparado à hora de início, passava pouco das 21h quando a organização, acompanhada pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, subiu ao palco montado no largo 25 de abril com o cenário para a recriação da Última Ceia para anunciar que, infelizmente, a Via-Sacra não poderia ser realizada pelas ruas da vila, sobretudo, para salvaguarda do material técnico sonoro e elétrico e também para segurança das próprias pessoas, uma vez que o empedrado polido das ruas se encontrava muito escorregadio.
O pároco, padre Manuel Coelho, agradeceu a presença de todos os que esperavam assistir à iniciativa.
Os organizadores pediram às inúmeras pessoas que ali se deslocaram de vários pontos do Algarve, incluindo muitos estrangeiros, e até grupos provenientes de Espanha, para se dirigirem ao Centro Pastoral que iriam tentar realizar a recriação naquele espaço, mas ali chegados concluiu-se não haver condições, principalmente emocionais, para a sua realização.

Numa declaração emocionada que acabou por ser fortemente ovacionada, Carlos Cristóvão, um dos principais rostos da organização, lamentou que, “depois de dois meses a trabalhar” com uma “equipa toda motivada”, não tivesse sido possível realizar o fim a que se propuseram, agradeceu a todos os que se empenharam na sua preparação e a apoiaram logística e financeiramente e pediu desculpa a todos os que ali se deslocaram. Aquele responsável deixou a promessa de realização já no próximo ano.

O bispo do Algarve quis deixar uma palavra de “reconhecimento, gratidão e estímulo” à organização. “Sei que o vosso sofrimento é maior do que o nosso”, afirmou D. Manuel Quintas, sublinhando o “esforço”, “espírito de união e sacrifício” e “entusiasmo” de todos para realizar aquela iniciativa. D. Manuel Quintas disse-lhes que aquele contratempo não deve levar a organização a “desistir nem a desanimar”. “Não deve, de maneira, nenhuma prostrar-vos ou desanimar-vos ou dizer que não vale a pena continuar com isto porque no próximo ano pode voltar a chover. Isso seria uma derrota e não pode ser. Vós sois alguém que não se deixa derrotar por estas circunstâncias”, afirmou.
A Mais Algarve e Folha do Domingo tinham previsto transmitir em direto a Paixão de Cristo em Pêra ontem à noite.