O 17.º simpósio internacional sobre os efeitos da toxicidade ambiental em organismos aquáticos (PRIMO) decorre entre 05 e 08 de maio, sendo esta a primeira vez que o evento, iniciado em 1981, se realiza em Portugal, disse hoje à agência Lusa a investigadora Maria João Bebianno.
Segundo a investigadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da UAlg, alguns dos compostos presentes nos filtros Ultra Violeta (UV) dos protetores solares são contaminantes emergentes, o que significa que podem ter um impacto negativo nos organismos marinhos.
"Há indícios de que alguns compostos podem alterar o sistema hormonal de alguns organismos", salientou, adiantando que ainda se conhece pouco sobre os efeitos desses compostos, embora já se saiba que, uma vez presentes na água, podem ser assimilados pelos organismos marinhos.
O impacto é maior nas zonas de pesca costeira, mas também há indícios da presença de contaminantes nas zonas balneares com grande concentração de pessoas, explicou, acrescentando que o ideal seria que os protetores fossem de origem natural e se degradassem rapidamente.
O efeito dos fármacos e de nanopartículas no sistema endócrino dos organismos marinhos (entre peixes, bivalves e mamíferos) é outro dos temas que vai ser discutido no encontro, assim como o impacto das alterações climáticas nos oceanos, entre outros.
Maria João Bebianno já coordenou estudos sobre o impacto dos medicamentos na água dos rios, problema que está alegadamente relacionado com o facto de as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) não disporem ainda de tecnologia que permita tratar estes componentes.
Os fármacos ingeridos pela população e eliminados através da urina e das fezes são encaminhados como esgotos para as ETAR e escoados para os mares ou rios depois de tratados, mas aqueles compostos químicos nunca chegam a desaparecer.
Segundo Maria João Bebianno, o simpósio – cuja última edição aconteceu em 2011 na Califórnia, Estados Unidos da América -, vai reunir 330 participantes, oriundos de 31 países, de todos os continentes.
A candidatura de Portugal à realização deste simpósio teve como adversários a Noruega e o Japão, tendo o comité organizador selecionado Portugal devido às suas tradições marítimas.
Lusa
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