Foto © Samuel Mendonça
Foto © Samuel Mendonça

O cónego Carlos César Chantre considera que o marxismo e o capitalismo falharam e que agora é preciso “regressar à via anterior à primeira”.

O assistente espiritual do núcleo algarvio da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores falava na conferência sobre a influência da Doutrina Social da Igreja na gestão empresarial que decorreu na passada quinta-feira, 7 de maio, no Colégio de Nossa Senhora do Alto, em Faro.

O sacerdote afirmou que “o marxismo falha porque tudo o que seja uma exploração automática do homem pelo homem, tem de falhar”, lamentando que aquela ideologia tenha imposto a “ditadura de uma classe em relação a outra”, uma “subversão dos valores humanos”.

Da mesma forma, considerou que “o capitalismo encantou porque deu de ganhar a muita gente, mas depois viu-se que foi a uma minoria da gente que depois subjugou outra gente”, lamentando que, “talvez por inércia de vários setores da Igreja”, se tenha permitido que esta tenha sido “conotada com coisas abstrusas como capital ou capitalismo”.

“Alguns profetas da desgraça dizem que estamos a chegar ao fim do mundo, outros dizem que estamos a chegar ao fim de um ciclo. Provavelmente estamos em mudança permanente e coisas bonitas vão surgir. Se assim não fosse, este grupo não estava aqui reunido”, prosseguiu, regozijando-se com o trabalho do núcleo algarvio da ACEGE.

Citando o Papa Francisco, lembrou que “o homem é a obra-prima da criação”, regozijando-se com uma “tentativa de fazer com que o Homem seja o centro das coisas”. “Ouvir empresários falar de Cristo na empresa é um dado novo porque regressa ao anterior ao primeiro”, considerou, apontando à responsabilidade daqueles empresários e gestores. “Este grupo tem o dever militante de viver o que diz e fazer com que outros empresários possam aderir a esta «tábua de salvação» das empresas porque, afinal de contas, as empresas é que fazem movimentar o tecido social. Por isso, a tentativa de fazer desaparecer a classe média é uma tentativa estrosa”, referiu.

O assistente espiritual do núcleo algarvio da ACEGE lamentou ainda que a palavra empresário, a partir de certa altura, tenha sido conotada com “algo de negativo”. “Há que recuperar, urgentemente, a perspetiva do empresário neste enquadramento: o empresário não é para ser servir a si mesmo, mas é para fazer que a comunidade se constitua como comunidade, o que significa que o próprio também vai crescer. Precisamos, urgentemente, desta via para regenerar a imagem dos empresários e fazer com que sejam recolocados, por direito próprio, na condução de pequenos grupos”, exortou.

Desejando que se multipliquem no Algarve os grupos “Cristo na Empresa” – uma iniciativa da ACEGE que reúne mensalmente seis a sete empresários numa empresa para refletirem sobre a sua experiência de vida espiritual segundo um tema que lhes é proposto e que existe já em Faro, estando prevista iniciar-se também agora em Portimão –, o cónego César Chantre apelou ao surgimento de um “sistema em rede” para criação “uma nova comunidade”.