
As conferências do Conselho Central do Algarve da Sociedade de São Vicente de Paulo voltaram a reunir-se no passado sábado em assembleia geral.
No encontro, que teve lugar em Tavira, na igreja de São Brás, o bispo do Algarve lembrou a importância da caridade aos membros daquele movimento católico que apoia pessoas carenciadas. “É a dimensão imprescindível sem a qual não somos verdadeiros cristãos e a Igreja não é verdadeiramente Igreja”, afirmou D. Manuel Quintas.
O prelado prosseguiu na referência à dimensão sociocaritativa da pastoral da Igreja para lembrar que ela não está desligada das restantes duas – pastoral litúrgica e pastoral profética – que sustentam a ação eclesial. “Não são três realidades compartimentadas que nada têm a ver umas com as outras”, afirmou, acrescentado também que se trata de uma forma de dar testemunho cristão e de participar no “sacerdócio comum”, proveniente do sacramento do batismo.

O bispo diocesano disse ainda aos vicentinos que “o bem que se faz é mais importante do que a mentira” de quem se queira aproveitar indevidamente do serviço daquele movimento da Igreja Católica. “Não nos devemos substituir a Deus, julgando. Claro que ninguém gosta de ser enganado, tanto mais que aquilo que se dá foi oferecido com o sentido mesmo de ajudar”, afirmou, exortando os vicentinos a prosseguir o seu trabalho. “Não é a mentira que nos vai desanimar ou desencorajar”, observou.
“Convém não desistir nem desanimar porque o que nos dá força, claro que é Cristo, mas é também a necessidade daqueles que ajudamos, mesmo sendo enganados às vezes”, prosseguiu, exortando os vicentinos a serem “pessoas que se sentem bem por fazerem bem”. “E, às vezes, o bem é uma presença, é escutar”, sustentou sobre o “retorno que gratifica” no trabalho daqueles agentes da pastoral social.

D. Manuel Quintas deixou ainda um apelo à esperança, não obstante as conferências vicentinas serem constituídas maioritariamente por pessoas de idade avançada. O bispo diocesano reconheceu que “hoje há dificuldade de mobilizar” novos elementos. “Hoje as pessoas não se querem comprometer a longo prazo”, constatou, garantindo que o problema é “geral”.
O prelado pediu ainda aos membros da Sociedade de São Vicente de Paulo que não se desanimem por não conseguirem dar resposta a todo o trabalho. “Aquilo que falta fazer não deve ser algo que nos desanima diante daquilo que se faz. É preciso valorizar-se muito aquilo que se faz”, afirmou.
A intervenção do bispo do Algarve ficou ainda marcada pela apresentação da mensagem do papa para o III Dia Mundial dos Pobres. “São palavras duras, mas espelham a realidade que se vive hoje, particularmente no hemisfério norte do mundo. São palavras que abanam, que acordam, que despertam e penso que vêm dar mais ânimo a quem faz do serviço aos pobres um caminho de vivência batismal, de santificação pessoal e de anúncio e testemunho do evangelho”, afirmou.

Naquele encontro, cuja primeira parte contou com diversos testemunhos sobre a importância da oração na vida pessoal, familiar e comunitária (incluindo nas visitas domiciliárias realizadas) dos membros do movimento vicentino, a presidente do Conselho Central também exortou os presentes a serem “sinais de esperança”.
Fernanda Agapito lembrou que o trabalho das conferências é um trabalho de proximidade. “Temos que manter a nossa proximidade com as pessoas, com aqueles que precisam de nós”, pediu.
Não obstante também reconhecer que “não há comprometimento” porque “ninguém se quer comprometer”, aquela responsável, lembrou que os vicentinos estão “em todos os continentes”. “São 150 países onde existem as conferências de São Vicente de Paulo”. É importante sabermos que não estamos sós”, sustentou.
A jornada contou ainda com a leitura de uma reflexão do padre Carlos de Aquino, enviada propositadamente para aquele encontro.
A Sociedade de São Vicente de Paulo, inspirada no santo francês com o mesmo nome que viveu entre 1581 e 1660, foi fundada em Paris no ano de 1833 por um grupo de estudantes liderados pelo beato Frédéric Ozanam, tendo chegado a Portugal em 1859, quando foi criada a primeira conferência, em Lisboa. No Algarve existem presentemente 12 conferências do movimento em Albufeira, Aljezur, Almancil, Ferragudo, Ferreiras, Lagoa, Monchique, Olhão, Quelfes, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António.