Partindo dos desafios do actual Programa Diocesano de Pastoral e da realidade das paróquias bem como da realidade etária do clero e da dificuldade da sua substituição numérica “a curto prazo”, pediu-se aos sacerdotes conselheiros que apresentassem sugestões para uma reestruturação do serviço paroquial num futuro próximo. “A formação dos cristãos” foi a “principal necessidade” apontada, “colocando a Palavra de Deus como o centro e o dinamismo da acção pastoral”. A par desta, sugeriu-se ainda a “valorização da vida sacramental” e a “necessidade de concertação na preparação para os sacramentos” por parte do clero, tornando-a “mais séria e exigente”.
Os presbíteros indicaram igualmente a necessidade de “saber olhar a realidade diocesana” de modo a “reflectir sobre o que é fundamental valorizar e reestruturar”. Sugeriu-se que se realize uma “verdadeira promoção laical, formando e promovendo todos os cristãos na sua missão específica”. Por outro lado, os conselheiros aconselharam ainda a que se alerte os padres para um “autêntico testemunho de identificação e de amor a Jesus Cristo”.
Para concretizar estas e outras ideias-chave e dar resposta às necessidades eclesiais do tempo presente, o Conselho Presbiteral propôs a criação de um grupo de reflexão sobre estes assuntos. A esse grupo caberá a missão de “perscrutar, reflectir, aprofundar, propor e avaliar novas propostas evangelizadoras e de reestruturação”.
Relativamente à reflexão sobre o documento “Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal”, da Conferência Episcopal Portuguesa, o Conselho alertou para necessidade de “mudar a mentalidade” que hodiernamente promove apenas a “satisfação de interesses pessoais”, no quadro de uma “cultura subjectiva e relativista”. Chamou a atenção para a “permeabilidade” dos pastores e demais cristãos diante desta cultura, que resulta num “frágil testemunho” e na “pouca exigência e verdade” com que se realiza a missão, gerando “empobrecimento e falta de autenticidade” e realçou as “resistências à formação” e à pouca “disponibilidade de tempo para o exercício de algum serviço”.
Os conselheiros alertam ainda para a “necessidade de olhar a crise como uma oportunidade” para fazer regressar os cristãos à memória, à narrativa da sua própria história de salvação, à sua identidade e sublinham a “grande dificuldade de comunicação” que faz com que a linguagem cristã nem sempre seja entendida, “havendo necessidade de cuidar da linguagem e dos sinais simbólicos da fé”. O “divórcio entre a vida e a fé, concretizado na pluralidade de atitudes” foi também outro dos aspectos apontados.
Não obstante esta análise, o Conselho Presbiteral vislumbrou “sinais de esperança na Igreja e mundo de hoje”. Esses sinais passam pela “vitalidade dos novos movimentos laicais”, sobretudo ao nível da “afirmação de muitos cristãos pela defesa da vida e dos valores”. O “ressurgimento de muitos grupos de dinamização pastoral” ao nível dos médicos e empresários católicos, o “desejo da espiritualidade” e a “vocação missionária laical” visível através do voluntariado, foram também aspectos valorizados.
Assim, para que surja uma “nova maneira de ser Igreja”, o Conselho Presbiteral da Diocese do Algarve definiu como prioridade a “formação de comunidades que rezem, acolham e testemunhem o Evangelho” e uma formação orientada, não para os sacramentos, mas para uma “verdadeira iniciação e identidade cristã”.
Os conselheiros aprovaram ainda os estatutos do Fundo Paroquial e do Conselho Económico Paroquial e pronunciaram-se de acordo com a proposta de cedência da igreja do Sargaçal, em Lagos, à Igreja Ortodoxa Romena.
Devido à extensão da agenda de trabalhos, a assembleia do Conselho teve de ser interrompida, tendo continuidade já no próximo dia 6 de Dezembro, no mesmo local.
Samuel Mendonça