A comunidade algarvia do Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF) promoveu na terça-feira de Carnaval, 13 de fevereiro, um encontro com algumas das famílias que acompanham e apoiam.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

De manhã, teve início na sua sede em Faro o encontro com nove adolescentes e jovens dos 14 aos 17 anos, orientado por Elisabete Puga, membro do Conselho Geral do ISCF e responsável nacional pela Pastoral Juvenil do instituto.

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A iniciativa, que contou também com a participação da cooperadora da família Raquel Mota, pertencente à comunidade algarvia do instituto, procurou dar a conhecer aos participantes o movimento juvenil ‘Focos de Esperança’ – uma das organizações que faz parte do conjunto criado pelo fundador do ISCF – que pretende criar um núcleo também em Faro a partir da integração daqueles jovens.

Durante a manhã, eles refletiram sobre o tema da esperança. “Estes são encontros de apresentação do movimento, mas também de reflexão. Com estes dias de convívio, o nosso objetivo é ajudar os jovens a pensar um pouco neles, sobre a vida. São sempre encontros com uma dimensão vocacional, que ajudam o jovem a olhar para si, a pensar um pouco o seu projeto de vida”, explicou Elisabete Puga ao Folha do Domingo, acrescentando que os jovens foram também informados das atividades promovidas pelo ISCF a nível nacional.

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De tarde, os participantes que frequentam a catequese da paróquia da Sé de Faro – na área da qual se situa a comunidade das cooperadoras da família – ornamentaram uma planta para oferecerem aos pais que chegaram para o almoço conjunto e também estiveram reunidos durante a tarde. “A ideia é cuidarmos desta planta com a certeza de que estamos a fazer crescer a esperança nas nossas famílias”, explicou Elisabete Puga no momento da entrega daquele símbolo pelos filhos aos pais, juntamente com uma pequena mensagem relacionada com o que refletiram durante a manhã.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Os pais reuniram-se com Maria do Céu Simões, também membro do Conselho Geral do ISCF, e com Helena Oliveira, da comunidade algarvia do instituto, para conhecerem melhor a obra do seu fundador, monsenhor Joaquim Alves Brás, falecido em 1966. Maria do Céu Simões explicou que a Família Blasiana integra, para além do ISCF e do movimento ‘Focos de Esperança’, a Obra de Santa Zita (OSZ), o Movimento por um Lar Cristão (MLC), o Centro de Cooperação Familiar, a Escola Profissional de Agentes de Serviço e Apoio Social e o ‘Jornal da Família’.

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Aquela leiga consagrada disse-lhes que o padre Joaquim Alves Brás foi “pioneiro” na pastoral da família “porque estava atento à realidade no seu tempo” e procurou “pôr em ação o princípio que tinha aprendido no Seminário, ainda hoje atual, que vem da Ação Católica: ver, julgar e agir”. “Foi como diretor espiritual do Seminário que ele encontrou a missão de apoiar a família e lhe dedicar toda a sua vida. O padre Brás ia muito à frente no seu tempo, também no que respeita às questões da família, sobretudo na sua santificação e como agente de mudança da Igreja e do mundo”, afirmou Maria do Céu Simões, explicando que o sacerdote quis fazer das famílias “apóstolas” umas das outras através do seu exemplo, da sua oração e da sua ação. “Uma característica essencial do monsenhor Brás era fazer com que as famílias se ajudassem mutuamente”, realçou, explicando que fundou o MLC em 1960, tendo a Sagrada Família como “a grande referência”, com o objetivo de “acolher as famílias e transformá-las em escolas de fé”.

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A cooperadora da família destacou ainda o papel do padre Alves Brás como precursor na defesa da dignidade e dos direitos das mulheres e na incursão pelas “periferias existenciais”, perante “situações dramáticas” que viviam as, designadas à época, “criadas de servir”, muitas vezes, tratadas sem dignidade e empurradas para uma maternidade precoce. Sublinhando que “os encontros com a realidade das raparigas da Guarda foi o mote de tudo” o que hoje integra a Família Blasiana, Maria do Céu Simões explicou que o sacerdote pretendia abranger três níveis de família: a de origem, a empregadora e a que futuramente viria a constituir.

Constatando que hoje “há diversas formas de família”, defendeu que o que importa é “ajudar no concreto da sua necessidade”. “É preciso sublinhar a importância da espiritualidade familiar da oração e da participação na Eucaristia dominical e animar os cônjuges a reunirem-se regularmente para promover o crescimento da vida espiritual e a solidariedade nas exigências concretas da vida”, considerou, acrescentando: “tomamos consciência da fragilidade da família e o convite a investir nela usando os três verbos do Papa: acompanhar, discernir e integrar”.

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Aquela responsável lembrou que a Família Blasiana, para além da escola profissional para jovens com equivalência ao 12º ano, tem ainda creches, jardins de infância, centros de atividades de tempos livres, residências para pessoas idosas e centros de dia, serviços de apoio domiciliário.

Em Faro, a comunidade do ISCF, composta para além de Helena Oliveira e de Raquel Mota por Inácia Gonçalves e Emília Eiras – esta última a prestar serviço no Paço Episcopal –, tem uma creche que acolhe 58 crianças dos três meses aos três anos de idade.

Efetivamente a OSZ, IPSS criada em 1932 para defender a dignidade e os direitos das mulheres, depressa chegou ao Algarve em virtude de o sacerdote vir muitas vezes à diocese. Pese embora só tenha sido criada em Faro em 1957, em 1936 já a OSZ funcionava em Loulé, tendo chegado também a existir em Albufeira.

Joaquim Alves Brás nasceu a 20 de março de 1899, em Casegas, concelho da Covilhã, Diocese da Guarda. O caminho que poderá levar à sua beatificação está aberto. Em 2008, o Papa Bento XVI aprovou a publicação do decreto que reconheceu as “virtudes heroicas” do falecido sacerdote que assim recebeu o título de “venerável, faltando agora o reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão.