Por ordem da tutela, a Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA) terá este ano um corte de 30% em relação aos 6 milhões de euros previstos no Orçamento do Estado, ficando com uma verba de 4,17 milhões de euros para todas as despesas da instituição.

O presidente do Turismo do Algarve, António Pina, disse à Lusa que a venda ou aluguer da embarcação – uma réplica de uma caravela dos Descobrimentos -, permitiria “algum encaixe financeiro” para fazer face ao corte da Secretaria de Estado do Turismo e sobretudo libertaria o organismo das despesas de manutenção, que chegam a atingir os 150 mil euros por ano.

“Dependendo dos anos, a despesa de manutenção, incluindo seguro e os dois funcionários ao serviço da caravela, oscilam entre 100 e 150 mil euros por ano, dependendo do tipo de intervenção necessária nesse ano”, precisou o responsável, acrescentando que prefere o aluguer à venda.

Em qualquer dos casos, o Turismo do Algarve impõe como condições aos candidatos que a caravela continue no Algarve e mais concretamente em Lagos, cidade dos Descobrimentos, e que a venda seja concretizada “por um valor razoável”.

Segundo António Pina, nenhuma dessas condições se verificavam cumulativamente nas duas propostas de aquisição que até aqui recebeu, uma das quais implicava a saída do Algarve e um valor de custo de 75 mil euros.

“A outra [proposta] era para ficar na região mas o valor proposto era ainda mais baixo”, afirmou.

Nos últimos dias houve ainda um terceiro contacto, com uma empresa interessada em transformar a caravela numa embarcação marítimo-turística para passeios náuticos na zona de Lagos, para o que seria necessário transformá-la e pedir a devida licença, adiantou António Pina.

Em qualquer dos casos, a lei exige um caderno de encargos e um concurso público, o que ainda não ocorreu, pois está-se “numa fase de consulta informal”, de acordo com o presidente da ERTA.

Em alternativa ao aluguer ou venda a privados, António Pina sugeriu a constituição de um “Grupo de Amigos da Caravela Boa Esperança”, garantindo que se isso acontecer será “o primeiro subscritor”.

Lançada à água em 1991, a Boa Esperança foi adquirida à Aporvela (Associação Portuguesa de Treino de Vela) em 2001 por 75 mil contos (375 mil euros) e entrou ao serviço da promoção do Algarve em cerimónia oficial na Marina de Lagos, tendo como madrinha a então “primeira-dama”, Maria José Rita.

Ao serviço da Região de Turismo do Algarve e do Turismo de Portugal a caravela fez várias viagens em Portugal Continental e Madeira e no estrangeiro, incluindo Londres, Saint Tropez, Cannes e Ceuta.

A embarcação é uma réplica tão aproximada quanto possível de um caravelão ou caravela quinhentista de dois mastros – o mastro maior tem 18 metros -, tem 24 metros de comprimento e um motor diesel capaz de lhe conferir uma velocidade de 10 nós (18,5 quilómetros) por hora.

Lusa