Desde o início do ano, os serviços da empresa municipal Ambiolhão já efetuaram 1825 cortes, por falta de pagamento de água, o dobro do que se verificou nos dois semestres anteriores. Só nos primeiros cinco meses de 2012, foram emitidos 10.886 segundos avisos de pagamento e 3.084 ordens de corte.
Já Helena Boloto, responsável peça associação de apoio social Projeto Harmonia, existe “muita pobreza escondida” e situações “complicadíssimas” naquele que é um dos principais concelhos do Algarve.
De acordo com a responsável da associação, a estrutura está a dar apoio alimentar a 68 famílias do concelho de Olhão, com a ajuda de algumas empresas algarvias e com produtos de uma horta solidária, cultivada por voluntários.
Alguns restaurantes de Olhão estão a doar a comida excedente à associação com o objetivo de apoiar as pessoas que não têm condições para cozinhar por falta de água, gás ou eletricidade.
A funcionar em Olhão, desde novembro de 2010, o Projeto Harmonia tem como missão trabalhar pela redução das diferenças entre as camadas sociais, atuando nas áreas da saúde, educação e cultura através de um espírito solidário e cooperativo.
A associação criou uma loja social, que funciona em pleno coração da cidade de Olhão, onde as famílias carenciadas podem obter vestuários e outros bens não alimentares que têm sido doados e angariados nas atividades desenvolvidas pelo projeto.
Helena Boloto não esconde o empenho que coloca neste projeto de cooperação e solidariedade onde as pessoas apoiadas são convidadas a contribuir com as suas potencialidades e conhecimentos, em troca de apoio.
“Se virmos bem, nada é com dinheiro palpável. São sempre serviços de troca”, afirma.
A família de Carlos Gaspar é uma das que estão a ser apoiadas pelo Projeto Harmonia há cerca de três meses, e está a disponibilizar o terreno que acolhe a horta solidária.
“Fomos conhecendo [a associação] e surgiu a conversa que queriam fazer uma horta social e nós dispusemo-nos a ajudar tal como eles nos ajudam”, explica Carlos Gaspar
“Com o momento de crise que estamos a viver é bom as pessoas unirem-se e fazerem coisas positivas”, acrescenta.
Helena Boloto frisa que o trabalho desenvolvido procura essencialmente dar apoio às pessoas que vão ficando fora do sistema de apoio estatal e que necessitam de encontrar forças para encontrar um novo rumo.
Com o propósito de ajudar a criar projetos de vida, a associação tem vindo a alargar o seu leque de serviços, desde o apoio psicológico ao aconselhamento jurídico, mediação de conflitos, terapias variadas e vai brevemente iniciar aulas de alfabetização e de português para estrangeiros.
A empresa tem cerca de 25 mil contadores de água no concelho, cuja população ronda os 45.000 habitantes, distribuídos por 17.656 agregados familiares, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o instituto, em 2011 o concelho tinha 17.260 casas de habitação permanente com água canalizada e 198 sem água canalizada.
Lusa