O incêndio deflagrou esta madrugada em Portimão e destruiu todas as grandes superfícies do Retail Park da cidade, deixando intactada a zona de resutaração, uma oficina e a bomba de gasolina, segundo adiantou à Lusa o autarca Manuel da Luz. Segundo a informação que o centro operacional da proteção civil transmitiu, "tudo indica que terá sido um curto circuito na loja DeBorla, que depois se propagou" pelas restantes unidades, as quais tinham material inflamável, disse o presidente da Câmara de Portimão, Manuel da Luz.
O autarca, que esteve no local do incêndio desde as 2:00 até pouco depois das 7:00 a acompanhar o centro operacional, levantou uma "questão preocupante: Porque é que o sistema de segurança não funcionou"? Porque se o curto circuito tem sido detetado, a situação teria sido controlada. Segundo o autarca, o sistema não deverá ter funcionado, mas esta é "uma questão que os técnicos vão ter de analisar".
Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) afirmou à Lusa que o incêndio deflagrou às 02:36 e o comandante distrital dos bombeiros disse à Lusa que as condições de segurança "ainda não estão reunidas" para que os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) acedam aos escombros do Retail Park. De acordo com Abel Gomes, os bombeiros, apoiados por máquinas, continuam com as operações de rescaldo, "e ainda não foram reunidas as condições de segurança para que alguém, a não ser os bombeiros, tenham acesso" ao interior das instalações destruídas.
O comandante distrital acrescentou que, devido ao material que ainda está em combustão lenta nos escombros, "é difícil de prever um prazo de tempo" para que os inspetores possam iniciar as investigações no interior das lojas destruídas.
As chamas só não atingiram uma oficina de mecânica automóvel – FeuVert -, a zona da restauração e uma estação de abastecimento de combustível.
Vários trabalhadores das sete lojas destruídas pelo incêndio manifestaram-se preocupados com o futuro dos postos de trabalho, apesar de, alguns, terem recebido a "indicação" de que seriam colocados noutras lojas dos grupos. "A nossa preocupação é saber se as lojas serão reabertas, porque algumas já tinham dispensado trabalhadores devido à crise financeira e à queda nas vendas", disseram à Lusa vários funcionários que pediram para não serem identificados, e que ao longe acompanhavam as operações de rescaldo dos bombeiros. "A nossa preocupação é sabermos se a destruição das lojas não será um pretexto para que as mesmas não voltem a abrir", sublinharam alguns dos trabalhadores.
Contudo, três dos funcionários de uma loja de material de escritório adiantaram à Lusa que já tinham sido informados de que "seriam colocados noutras lojas do grupo", na região algarvia. "Foi-nos dito que não nos preocupássemos, pois seriamos colocados numa outra loja", sublinharam aqueles funcionários.
Para a maioria dos trabalhadores, as causas do fogo "são muito estranhas, porque as lojas estavam todas equipadas com sistemas antifogo, sistemas que deveriam ter sido acionados automaticamente".
Também O presidente da Câmara de Portimão se manifestou preocupado com o futuro dos trabalhadores. O mais importante agora "é o futuro dos mais de 300 trabalhadores que estão envolvidos nesta situação", disse à Lusa Manuel da Luz. "Não sabemos o que os empregadores e investidores nestas lojas pensam fazer agora. Espero que haja uma solução para os trabalhadores", caso contrário "vem a agravar uma situação social preocupante, gravíssima". Isto porque "a região do Algarve e a região de Portimão, particularmente, tem um nível de desemprego elevado", sublinhou Manuel da Luz.
A coordenadora do Algarve do Sindicato dos Trabalhadores Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) manifestou-se igualmente preocupada com o futuro dos trabalhadores. "A preocupação é muito grande, porque cerca de 400 trabalhadores que ficaram com os postos de trabalho em risco, numa região que tem uma elevadíssima taxa de desemprego", observou à Lusa Maria José Madeira. "Vamos pedir uma reunião com a direção daquele espaço comercial e com o presidente da Câmara de Portimão, para que possa ser encontrada uma solução para aqueles trabalhadores", acrescentou a coordenadora regional do CESP.
Maria José Madeira disse ainda "esperar que os empresários sejam sensíveis ao problema que que integrem os trabalhadores noutras lojas que os grupos têm no Algarve".
A administração do Retail Park de Portimão vai reunir-se de urgência amanhã para tomar decisões acerca do futuro daquele espaço comercial. “Amanhã (segunda-feira) vamos ter uma reunião de urgência para decidir o que vai ser feito”, disse o diretor financeiro sem adiantar mais pormenores.
Redação com Lusa