Lembrando que “a Igreja tem uma ação sócio-caritativa reconhecida como exemplar e capilar” em todo o território nacional, D. José Alves apelou a que se preserve, tanto quanto possível, a “autonomia e a identidade cristã”, uma exortação que já tinha sido lançada naquela iniciativa pelo padre Lino Maia, presidente da CNIS – Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade.
“Se o Estado nos comparticipa em 40% como é que pode querer fazer imposições a 100%?”, criticou o prelado, apelando às IPSS que se coloquem perante o Governo “numa atitude de diálogo de igual para igual”. “Estes protocolos com o Estado limitam apenas a nossa ação ao protocolo estabelecido. E os outros pobres, idosos e doentes? Ou encontramos uma forma de esses parâmetros serem alargados ou temos de alargar a nossa ação de outras formas. Não podemos «lavar as mãos» e pensar que já estamos a fazer toda a atividade caritativa”, advertiu.
O arcebispo apelou também à seleção e admissão criteriosas de funcionários e à sua formação. “Temos as portas abertas a todos os utentes, mas podemos e devemos selecionar os nossos funcionários. As nossas instituições só serão eclesiais se as pessoas que lá trabalham lhe derem um rosto eclesial”, considerou. “Não podemos descorar a formação do pessoal que temos nas nossas instituições e essa formação não pode ser só técnica. Também tem de ser técnica – e essa é uma deficiência que há em grande parte das instituições porque temos pessoas de boa vontade que não têm a formação mínima para exercer as funções que estão a exercer –, mas deveria haver também reuniões periódicas com o nosso pessoal para lhe dar formação humana e cristã”, defendeu.
Considerando que o que está em causa é que as pessoas percebam o ideário da instituição de forma a que se identifiquem com ele. “Só assim é que a instituição passa a ser da Igreja”, constatou. “Não podemos descuidar de ter um ideário e um regulamento para cada instituição porque isso protege-nos muito de certas situações”, acrescentou.
A terminar, D. José Alves apelou à união das IPSS. “Para além de nos unirmos na formação, temos de nos unir também na ação , no modo de estar e nos princípios que adotamos na relação com as instituições oficiais”, defendeu.
Samuel Mendonça
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico