A 30 de junho de 2000, o falecido o Papa São João Paulo II nomeou D. Manuel Neto Quintas bispo auxiliar do Algarve e titular de Elicroca.

Até àquele dia superior provincial da sua Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, também conhecidos como sacerdotes dehonianos, um serviço que exerceu desde 1994 e ao longo de dois triénios, D. Manuel Quintas preparava-se para ir trabalhar para Angola quando conheceu a nomeação do Papa polaco.

Recorde-se que a revelação foi feita pelo bispo do Algarve, convidado em 2017 do ciclo “Conversas com Vida Dentro”, promovido pelo Teatro Lethes. “Estava tudo pronto para aquele que me vinha substituir me deixar ir, desta vez para Angola, porque o superior geral estava a insistir muito que tínhamos que abrir uma presença naquele país”, contou na altura.

A importância da missão na vocação de D. Manuel Quintas

A dimensão missionária esteve sempre muito presente no ministério sacerdotal de D. Manuel Quintas e lembrou mesmo ter sido a experiência missionária durante dois anos em Moçambique que o levou a “assumir convictamente” a sua opção vocacional. “Disse ao padre responsável da altura: «quero ser padre mas que só sei ser padre em Moçambique. Por isso, tem que me garantir que me deixa ir para lá logo que seja ordenado padre»”, contou, acrescentando que não conseguiu partir devido à situação depois do 25 de Abril.

Visita de D. Manuel Quintas a Angola em 2019

“Apesar de não ter podido ir, fiquei sempre com vontade de ir”, confessou, acrescentando esse desejo foi, de certo modo, satisfeito durante os seis anos em que foi superior provincial e teve de ir anualmente durante um mês a Madagáscar.

D. Manuel Quintas explicou que era habitual, como ainda hoje acontece nos sacerdotes dehonianos fazer-se um estágio de dois anos depois de celebrar os votos temporários, mas antes de cumprir os votos perpétuos. O bispo do Algarve testemunhou ter ficado “cativado” pelos missionários italianos que, quando iam ou regressavam de férias, passavam por Portugal, visitavam os seminários que frequentou e “lançavam a «semente» missionária”.

O bispo do Algarve lembrou ainda que o testemunho dos missionários que passavam por Portugal na ida ou no regresso de Moçambique era algo “cativante”, sobretudo pela “alegria” e “entusiasmo” de “pessoas livres”.

Visita de D. Manuel Quintas a Angola em 2019

O jovem Manuel Quintas seguiu então em 1971 para Moçambique para a localidade de Mawela, na alta Zambézia entre Alto Molocué e Gurúè, pertencente à então única Diocese de Quelimane, território hoje dividido com a Diocese de Gurúè. Ali trabalhou na formação dos seminaristas no Seminário Menor e também noutras atividades ligadas à instituição e a uma escola.

Visita de D. Manuel Quintas a Angola em 2019

O bispo do Algarve acrescentou também que para além do testemunho dos missionários foi igualmente muito cativado pelo testemunho das irmãs missionárias quando esteve em Moçambique. 

Em 1973 regressou a Portugal, ocorrendo no ano seguinte a revolução do 25 de Abril. Posteriormente, toda a situação se alterou com a independência das antigas colónias portuguesas e naqueles anos, após ter sido ordenado (1977), era impossível ao então padre Manuel Quintas regressar a Moçambique.

Só depois de ter sido mestre de noviços, já como superior provincial, teve oportunidade de matar saudades das missões porque todos os anos foi passar um mês com os missionários portugueses que estavam em Madagáscar e Moçambique.

Em 2019, o bispo do Algarve celebrou 50 anos de vida consagrada e para assinalar a efeméride visitou, de 9 a 23 deste mês, as dioceses angolanas de Viana e Luena, onde estão os missionários da sua Congregação, as mesmas às quais a diocese algarvia destinou as renúncias quaresmais daquele ano.

Para assinalar o jubileu episcopal do seu bispo diocesano, a Diocese do Algarve, através do Cabido da Sé de Faro, inicia esta semana um conjunto de iniciativas que se prolongam até dia 03 de setembro. Na quarta-feira, 27 de agosto, dia de aniversário natalício do bispo do Algarve, será inaugurada, pelas 19h, no Paço Episcopal de Faro uma exposição de arte sacra, intitulada «Ecce, para glória de Deus», o lema episcopal de D. Manuel Quintas. A mostra será visitável no horário habitual das visitas ao Paço Episcopal: de segunda-feira a sábado, das 10h às 13h e das 14h às 18h.

No dia 02 de setembro, pelas 21h, a Sé de Faro acolherá um concerto de homenagem com entrada livre, levado a cabo pelo Coro e Orquestra do Algarve e oferecido pela Câmara de Faro.

No dia 03 de setembro, pelas 18h, terá lugar na catedral de Faro a Eucaristia presidida pelo bispo do Algarve.

Bispo do Algarve celebra Jubileu episcopal