A ‘Missão País’ de estudantes da Universidade do Algarve (UAlg) no concelho de Alcoutim volta a realizar-se de 20 a 27 deste mês, depois de não se ter podido efetuar presencialmente o ano passado por causa da pandemia de Covid-19 e ter decorrido em formato online, entre os participantes, através de canais digitais.

Este ano, sob o lema ‘Coragem! Levanta-te que Ele chama!’, a iniciativa contará com 45 participantes, sendo 35 missionários, oito chefes, um responsável pelo grupo ‘Just a Change’ (que se ocupa de pequenas obras e melhoramentos em casas de pessoas necessitadas dos mesmos) e o sacerdote que acompanhará o grupo. Os chefes gerais serão Carolina Emídio, estudante de Farmácia, e Gonçalo Brito, aluno de Biologia Marinha, e o sacerdote que acompanhará o grupo será o padre António de Freitas, da Diocese do Algarve. O padre Rui Fernandes, da comunidade algarvia dos sacerdotes jesuítas, também estará com os estudantes ao fim de semana.

Dos 35 missionários (a grande maioria raparigas), 26 são estudantes da UAlg, (a maioria não são algarvios) e cinco de outras universidades: Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra, Universidade da Beira Interior e Politécnico de Leiria. Destes cinco, a maioria são algarvios que estudam naquelas universidades, mas que fizeram gosto em participar na missão da UAlg. Há, portanto, ainda quatro vagas por preencher, duas delas por desistências devido a impossibilidade de conciliação com atividades académicas.

O ano passado, quando ainda se ponderava a possibilidade de realizar aquele que seria o segundo ano da missão, inscreveram-se cerca de 75 estudantes da UAlg. Em declarações ao Folha do Domingo, Carolina Emídio considera que a diminuição das inscrições este ano para cerca de metade se deve, por um lado à limitação do número de máximo de participantes para 35 e, por outro, pela situação de pandemia que subsiste e que ainda causa “muito receio de estar nestas atividades”. “Ao início ficámos um pouco tristes porque não tínhamos muitas inscrições, mas de repente vieram todas e só ficaram a faltar estas duas. A maior parte das inscrições são de alunos do primeiro ano, o que é ótimo”, explicou, lamentando, no entanto, que a adesão por parte dos rapazes tenha sido “mínima”.

Assim sendo, a edição deste ano ficará marcada pela adaptação às contingências da pandemia. Para além da redução dos participantes, todos deverão apresentar obrigatoriamente certificado digital de vacinação ou de recuperação da doença e serão testados antes do início da missão e a meio da semana. Em caso de surgir algum caso positivo entre os voluntários durante a missão, a mesma será imediatamente encerrada.

Relativamente às atividades com a comunidade, elas serão todas feitas presencialmente, mas com a proteção e o distanciamento de segurança necessários. “Comunicaremos com o lar, o centro de dia e a escola só que não haverá contato físico. Vamos fazer atividades alternativas para que seja tudo à distância, sempre com o distanciamento, porque não vamos correr riscos, tanto para nós como para a comunidade, visto ser uma comunidade envelhecida”, explicou a chefe geral.

Carolina Emídio acrescentou ainda que o modo de adaptar as atividades ao atual tempo pandémico foi decidido com os agentes locais. “Contactámos com a comunidade para perceber como é que ela nos aceitaria, falámos com a Câmara e decidimos fazer assim. Achámos que não faz sentido entrarmos nas instituições porque ainda há muitos casos [de Covid-19] e, para prevenir, e optámos por fazer assim. Faremos o contacto porta-a-porta, mas com o devido distanciamento social e com as máscaras”, sustentou, explicando que só na celebração diária da Eucaristia poderá haver maior proximidade, uma vez que a missa será aberta à comunidade.

Carolina Emídio disse ainda que, relativamente à atividade, “a expectativa é muito boa”. “É tirar um pouco de nós para dar aos outros. Estamos ansiosos por voltar, passados dois anos, a uma comunidade que nos acolheu tão bem e gostou tanto de nós. Adorámos Alcoutim e queremos voltar a ver aquelas pessoas, mesmo à distância”, afirmou, explicando que a edição do ano passado, realizada online, será um “ano zero” e não contará como segundo ano.

O diácono Albino Martins, responsável com o pároco pelas paróquias de Alcoutim e Martim Longo, considera a experiência “muito enriquecedora” e um modo de realizar a “Igreja em saída” a que o Papa Francisco apela. “Neste vasto território tem de ser pouco assim porque o avançado estado de saúde e a longevidade de quem cá permanece obriga um pouco a isso”, testemunha, acrescentando que “para muitos deles já se torna difícil a participação na vida comunitária dominical”.

Aquele responsável refere que, no primeiro ano, a missão deixou uma “marca muito forte, não só na comunidade, nas pessoas dos diferentes lugares”, mas também nos próprios estudantes. “Foram de coração cheio pela vivência a nível do próprio grupo de missionários, mas também daquilo que foi o sentir e a missão que foi realizada nos diferentes lugares”, assegura, acrescentando que a comunidade cristã naquele vasto território “precisa muito destes testemunhos, destas vivências e deste apoio da Igreja para que não se sinta só”.

O diácono desejou ainda que os missionários “sintam que a Igreja que está naquele território e os seus responsáveis veem com muito entusiasmo a sua presença e essa sua vivência, a nível pessoal e a nível comunitário daqueles que beneficiam da presença da ‘Missão País’”.

A ‘Missão País’ é uma iniciativa universitária que começou com estudantes ligados ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, com 20 jovens, em 2003, e que se organiza e desenvolve a partir de várias faculdades de Portugal. Nela participam jovens de todos os credos e também quem não professa nenhuma religião. São semanas de apostolado e de ação social que decorrem durante três anos consecutivos no período de interrupção de aulas entre o primeiro e o segundo semestres, divididas em três dimensões complementares – externa, interna e pessoal – em que o primeiro ano consiste no “acolhimento”, o segundo na “transformação e o terceiro no “envio”.

No caso do Algarve, a região acolherá este ano quatro das 63 missões que decorrerão por todo o país. Para além da missão no concelho de Alcoutim, regressarão ainda as missões de Monchique e de Sagres e será iniciada outra em Boliqueime, estas três de 27 de fevereiro a 6 de março.

‘Missão País’ 2022 de estudantes da UAlg em Alcoutim anunciada para 20 a 27 de fevereiro