“Rendas sociais a 300 euros é um roubo”, “Macário, com estes aumentos vamos viver para a rua” e “Senhor presidente tenha pena da gente”, foram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes dos manifestantes.

Confrontado pelos jornalistas com as queixas dos manifestantes, à margem das comemorações do Dia da Cidade, o presidente da autarquia desafiou as pessoas visadas a tornar público o seu regime de IRS.

“Quem paga mais é porque tem rendimentos para isso, por isso, as pessoas que dizem que têm esse acréscimo de renda que vos mostrem e publiquem o seu regime de IRS”, concluiu, escusando-se a tecer mais comentários.

A 22 de junho de 2010 foi aprovado o Regulamento de Acesso e Gestão do Parque Habitacional do Município de Faro, que introduz a implementação do Regime de Renda Apoiada.

O valor desta renda é calculado em função do rendimento mensal declarado de cada agregado familiar e o valor real da fração, conforme Decreto de Lei 329/A de 2000.

No seguimento deste regulamento algumas rendas sociais passam a sofrer aumentos de 100 e 200% em doze meses e alguns moradores já começaram a receber as atualizações.

“Pediram-nos os dados do IRS, viram quantos metros quadrados tinham as casas e a partir daí fizeram lá as contas deles com régua e esquadro”, disse à Lusa Diamantino Arsénio, um dos moradores que se encontrava na concentração.

“Nós não estamos contra as atualizações, mas pedimos alguma sensibilidade e bom senso neste processo, porque há famílias com salários penhorados, créditos que contraíram para realizar obras nas suas casas, despesas com a saúde, filhos para alimentar e isso não vem no IRS”, alertou o morador.

Diamantino Arsénio referiu que “pagar rendas de 200 e 300 euros em bairros sociais, que já de si são zonas mal frequentadas e onde as casas estão degradas e têm poucas condições, é um escândalo”.

Na segunda-feira, durante uma sessão da Assembleia Municipal de Faro, foi grande a agitação em torno desta questão e dezenas de moradores destes bairros gritaram palavras de ordem, exigindo ser ouvidos pelo executivo, algo que acabou por não acontecer.

Na próxima segunda-feira, alguns moradores vão reunir-se com membros da oposição para discutir uma alternativa ao processo de atualização das rendas deliberado pelo executivo de Macário Correia.

Lusa