O hospital está desde a passada semana a enviar cartas de cobrança aos utentes, que na maior parte dos casos são idosos ou doentes crónicos com direito a isenção do pagamento de taxas moderadoras.

Uma das manifestantes, Maria José, contou à Lusa ter recebido na sexta-feira uma carta do hospital a cobrar 370 euros, relativos a atos médicos praticados enquanto o marido, doente oncológico, com direito a isenção até 2017, ali esteve internado.

Segundo Maria José, o marido, com 84 por cento de incapacidade, está isento com caráter permanente desde janeiro de 2011, razão pela qual ficou surpreendida com o montante da despesa, que defende estar incorreto e que jura que não irá pagar.

As despesas em dívida referem-se a consultas externas, terapia e reeducação da fala, entre outros, tratamentos que a queixosa refere que tiveram que ser feitos devido a uma alegada falha do hospital.

"O meu marido ficou com uma corda vocal paralisada devido à cirurgia de implantação do cateter para fazer a quimioterapia", acusou, sublinhando que o marido removeu dois tumores, da próstata e do intestino, que nada tinham a ver com aqueles tratamentos.

Maria dos Anjos, que participou no protesto em representação de um idoso de quem cuida, disse à Lusa considerar a situação “vergonhosa”, admitindo processar o hospital por estar a fazer cobranças indevidas.

"Ele não fez os exames que aqui estão [na carta], nem esteve tantos dias na urgência e só teve de ficar internado mais tempo porque insistiram para ele tomar banho sozinho e ele caiu e partiu duas costelas", contou.

O idoso, que é viúvo e cujos filhos estão emigrados, recebeu uma carta para pagar 142 euros, mas Maria dos Anjos garante que irá reclamar e que não tenciona pagar a despesa.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do Conselho de Administração do hospital, Pedro Nunes, explicou tratar-se de um "mero processo de regularização e de limpeza dos ficheiros do hospital".

Segundo aquele responsável, são dívidas que estão registadas na contabilidade do hospital, algumas com vários anos, e que a lei obriga a que sejam recuperadas.

Pedro Nunes admite, contudo, que haja casos de isenção que não foram registados e, nesses casos, se os utentes fizerem prova da isenção, não terão de pagar.

"Não temos interesse nenhum em mandar cartas e gastar dinheiro inutilmente", frisou, sublinhando que os casos de cobrança indevida acontecem porque muitas vezes "é difícil fazer o cruzamento de dados".

Lusa