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© Samuel Mendonça

O padre António de Freitas alertou os catequistas algarvios para a necessidade da “conversão permanente” e para a importância da coerência e do testemunho de vida.

“Toda a questão teórica, sem a nossa vida, não passará de uma espécie de doutrina que não faz discípulos”, avisou o sacerdote na sua conferência que marcou o Dia Diocesano do Catequista, promovido no passado sábado, pela Igreja do Algarve, através do Sector da Catequese da Infância e Adolescência, em Portimão, no centro paroquial da paróquia matriz daquela cidade.

A propósito do lema da jornada que também serviu de pano de fundo à conferência – “Vede como eles se amam”, uma expressão atribuída a Tertuliano, um pagão convertido ao Cristianismo que se tornou catequista na sua comunidade – o conferencista advertiu aos 160 participantes no encontro que “às palavras que se dizem há que juntar sempre os gestos que não se dizem, mas que ensinam mais eficazmente do que todas as palavras que se possam dizer”.

“Um catequista é por natureza e missão convidado a ser um evangelizador no qual se junta a palavra que ensina com o modo como vive. Vendo quem somos, hão-de aprender o que ensinamos. Vendo o que somos e ensinamos poderão mais facilmente chegar até Deus e Jesus Cristo. Pelo modo exterior como vivemos, os outros perceberão Aquele que habita em nós, aquilo que acontece em nós. Temos que ser diferentes de quem não é cristão porque aquilo que nos guia não é uma vontade humana, mas divina”, sustentou, lembrando que “o amor ensina-se praticando”.

Na conferência, o orador alertou que “a missão dos catequistas é das que assume maior visibilidade” nas comunidades cristãs. “Somos figuras públicas (não os VIP), por isso é bom que tudo quanto por nós é transmitido possa ser visto em qualquer parte por aqueles com quem cruzamos a vida, a começar pela nossa casa”, acrescentou, lembrando que os catequistas são “observados e provados pela sociedade a todo o instante”. “Às vezes, um gesto ou uma palavra pode edificar e aproximar ou escandalizar e afastar. Lembremo-nos que somos cristãos em toda a parte e que a coerência de vida é dos fatores que continua a atrair e a seduzir. Já a incoerência afasta, escandaliza e desacredita”, disse, lembrando aos catequistas que, quando falham, as pessoas desacreditam não deles, mas da “Igreja, da fé, de Cristo e de Deus”.

O conferencista alertou para o perigo de a catequese “ser uma espécie de conto de fadas que anima, durante uns anos, uns quantos miúdos com uns catequistas” e explicou aos catequistas que mostrarem-se ao mundo como cristãos não deve ser um “ponto primeiro” da sua vida, mas um “ponto consequente” da sua conversão.

O padre António de Freitas pediu ainda aos educadores para olharem para os grupos de catequese, não como sua propriedade, mas como algo que lhes foi “confiado por Deus por meio da Igreja”; não como um “aglomerado de crianças”, mas “para cada um de modo particular”, procurando “ser rosto de Deus para cada criança”. Aos catequistas desafiou a fazerem da sua vida “uma doação e uma entrega”, procurando “colocar o amor a Deus, à Igreja, às crianças e suas famílias em primeiro lugar” e a “olhar a missão de catequista, não como um posto de importância, mas um chamamento de Deus que cada um aceitou por amor; não como um posto vitalício porque Deus pode decidir chamar outros”.

O sacerdote, que exortou a um “olhar renovado para aquelas que poderão ser as coisas de sempre”, constatou o alcance daquela missão na Igreja. “Vocês conseguem chegar a casas e famílias que nós, os padres, nunca chegaremos. Na lidação com as famílias estaremos a evangelizar e isso é um testemunho para a sociedade que vive a ideologia da indiferença e do descarte”, constatou, considerando que um “excelente catequista” será aquele que “for um discípulo mais atento, mais íntimo e mais obediente”.

O padre António de Freitas exortou ainda cada grupo paroquial de catequistas a ser “uma espécie de estufa onde se cultiva o amor que deriva para os catequizandos, suas famílias e restante comunidade cristã”, lembrando que os educandos têm de “sentir o catequista como alguém em quem podem confiar”.