A Diocese do Algarve despediu-se no passado sábado da Fraternidade da Mãe de Deus (FMD), associação privada de fiéis, ao fim de quase 30 anos de serviço.


A despedida foi assinalada com uma eucaristia de ação de graças pelo serviço levado a cabo durante 25 anos nas paróquias de Alcoutim, Giões, Martim Longo, Pereiro e Vaqueiros, no concelho de Alcoutim, em Cachopo, no concelho de Tavira, e nos últimos cinco nas de São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra, no concelho de Silves.

“Não lhes é possível continuarem este serviço. Sei que foi uma decisão muito sofrida, muito rezada”, começou por referir o bispo do Algarve que presidiu à missa na igreja de São Bartolomeu de Messines. “Eles foram um dom para esta nossa Igreja diocesana”, considerou D. Manuel Quintas, acrescentando que “se se sentiram missionários vindo para cá, continuam a sentir-se missionários indo onde o Senhor os chama, de acordo com as possibilidades do seu serviço”.
“Ao tomar conhecimento da dificuldade da FMD em prosseguir o seu serviço pastoral na nossa diocese, decidi que gostaria, convosco, de celebrar uma eucaristia de ação de graças por estes quase 30 anos de serviço na nossa Igreja diocesana”, prosseguiu, aludindo a uma celebração “com o coração agradecido a cada um deles que por aqui passaram”.
“Nós, Igreja diocesana do Algarve, ficamos muito mais empobrecidos com a dificuldade de a FMD continuar a servir esta nossa Igreja diocesana”, reconheceu, realçando que “as portas estão abertas” a um eventual regresso no futuro.

D. Manuel Quintas destacou os “sentimentos de fraternidade que caraterizaram estes anos de serviço” e um agradeceu um “testemunho” “de fé, de serviço desprendido e de dedicação por causa de Cristo e do evangelho”. “É tudo isto que agradecemos e por tudo isto que louvamos o Senhor”, sustentou.


No final da celebração, o padre Atalívio Rito, um dos sacerdotes daquela associação que trabalhou largos anos no Algarve, reforçou que “foi por falta de vocações” que a saída aconteceu. “Doí-nos muito ter de sair daqui”, confessou, pedindo ao bispo diocesano que quando tiverem vocações os mande regressar. “Já ficam chamados”, respondeu D. Manuel Quintas. O sacerdote agradeceu ao bispo diocesano “por tudo quanto o que fez” pela comunidade da FMD e às comunidades.


As paróquias ofereceram uma alfarrobeira aos missionários “para que possam plantá-la em Onuva” e, vendo-a crescer, se lembrem delas.

Corria o ano de 1992 quando o então bispo do Algarve, D. Manuel Madureira Dias, atual bispo emérito da diocese, formalizou o pedido para receber uma comunidade da FMD, ligada à de Onuva, em Espanha, fundada há mais de 45 anos a cinco quilómetros de La Puebla del Río (Sevilha) com uma espiritualidade mariana e uma clara opção pelos mais pobres.
Na altura, veio para a diocese o padre Mariano com a irmã Milagro (à direita na foto de cima). O sacerdote esteve dois anos no Algarve, tendo sido substituído pelo padre Atalívio José Rito, que em 2017 deixou a diocese.
Para além da irmã Milagro, vários outros membros daquela associação de fiéis, incluindo o padre Francisco Ferreny Boncompte que substitui o padre Atalívio Rito de 2004 a 2007, serviram as comunidades algarvias durante os últimos 30 anos, dedicando-se sobretudo aos mais carenciados.

Calcorrearam muitas dezenas de montes isolados da serra algarvia do Caldeirão para assistir espiritual e materialmente idosos e pessoas portadoras de deficiência.

Desde 1997 trabalharam também com jovens do Movimento ao Serviço da Vida, vindos de Lisboa e na sua maioria universitários, que visitavam, animavam e apoiavam mensalmente os habitantes das paróquias da serra algarvia.

Em 2015 passaram a trabalhar com o padre Atalívio Rito nas paróquias de São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra e desde 2017 com o padre Eduardo Colocho, também pertencente à FMD, que o substituiu e que agora também deixou a Diocese do Algarve.
