O bispo do Algarve destacou a adesão da diocese à proposta do Papa para o dia de ontem, em que a Igreja celebrou a Quarta-Feira de Cinzas com que se iniciou o tempo quaresmal.

“Iniciamos a Quaresma e inserimo-nos assim também na resposta ao apelo que o Papa Francisco fez a toda a Igreja e a cada um de nós de fazer deste dia um dia de oração, de jejum pela paz na Ucrânia”, afirmou ontem à noite D. Manuel Quintas, na Missa de Cinzas na catedral de Faro que foi precedida pela recitação do terço pela paz na Ucrânia, orientada pelos jovens da paróquia da Sé de Faro.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas lembrou que esta Quaresma inicia envolvida pela “guerra que o governo da Rússia moveu contra a Ucrânia”. “Esta situação, devemos aproveitá-la como uma oportunidade para revermos o modo como nos situamos face a todas as formas de agressividade, violência e, simultaneamente, como um incentivo a nos assumirmos como construtores da paz através de um compromisso pessoal permanente”, referiu, citando a mensagem que escreveu para este tempo quaresmal.

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Aquele responsável católico destacou ainda a “mobilização geral” em torno desta guerra como “algo positivo” e “uma força grande”.

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O bispo do Algarve lembrou ainda que o “jejum, a oração e a esmola são instrumentos” e não “um fim em si mesmo”. “A finalidade é a conversão do coração, é a mudança de vida”, esclareceu D. Manuel Quintas.

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“Por isso, devemos interrogar-nos de que modo é que eu assumo estas propostas da palavra de Deus neste início de Quaresma”, prosseguiu, propondo um exame de consciência. “Como vivo a oração? Com que intensidade? Com que assiduidade? Dou esmola com que intenção? Motivada por que sentimentos?”, interrogou, considerando “importante passar da esmola à partilha”. “A esmola pode ser ocasional. A partilha compromete sempre mais”, sustentou.

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“Que jejum faço? Limito-me ao jejum de alimentos ou incluo também o jejum de tudo o que está a destruir a minha vida, a minha consciência, o meu coração, a minha inteligência, com reflexo na vida dos outros?”, prosseguiu, defendendo ser necessário “discernir bem” sobre aquilo que se jejua “para além do privar-se deste alimento ou daquele”. “Jejum é muito mais do que isso”, alertou.

Por fim, o bispo diocesano deixou ainda uma última questão: “como me vou organizar a nível pessoal e familiar ao longo desta Quaresma para participar pessoalmente ou mesmo como família na renúncia quaresmal proposta?”.

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A celebração de ontem à noite contou com a bênção e o rito penitencial de imposição das cinzas aos presentes. Tanto na Bíblia como na prática da Igreja, impor as cinzas sobre a cabeça é sinal de humildade e penitência. A sua imposição lembra aos fiéis a origem do homem – “recorda-te que és pó e ao pó hás de voltar” – e pretende simbolizar a renovação do compromisso de seguir Jesus, fazendo morrer o “homem velho”, ligado ao pecado, para fazer nascer o “homem novo”, transformado pela graça de Deus. Por isso, ao colocar uma pequena porção de cinzas sobre a cabeça, o ministro ordenado pronuncia a frase “arrependei-vos e acreditai no Evangelho”.

A Quaresma é um período de 40 dias (excetuando os domingos) que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.