O prelado considerou, em declarações à FOLHA DO DOMINGO, que a iniciativa foi “uma oportunidade muito positiva” para Diocese do Algarve, das vinte do país a mais marcada pela realidade do turismo. “A partilha que fizemos como resposta aos temas apresentados pelos conferencistas foi enriquecedora para todas as dioceses e particularmente para a nossa”, reconheceu D. Manuel Quintas, apontando agora a necessidade de aproveitar os frutos do encontro. “O primeiro fruto é a insistência na sensibilização de todos, párocos e comunidades paroquiais”, disse.
Sobre a decisão de alargar o período de abertura das igrejas, o Bispo diocesano lembra que, no Algarve, “é uma proposta que não é nova”. “Na diocese temos vindo a insistir nela tantas vezes e já existe uma resposta (a possível) em tantas paróquias”, afirmou D. Manuel Quintas que reconheceu na última terça-feira que as estruturas da diocese algarvia não têm meios para atender as solicitações dos turistas que visitam a região.
O prelado sublinhou ainda a importância de “insistir na disponibilidade de pessoas e ambientes para quem nos visita”. Para o Bispo do Algarve, o “acolhimento pessoal” é fundamental, “sobretudo ao nível do sacramento da Reconciliação” que acontece já “de maneira muito significativa em muitas paróquias também a pedido dos próprios turistas que querem incluir no seu programa de férias, não apenas o retemperar de forças físicas, mas também o repensar, do ponto de vista espiritual, o modo como estão a viver a própria vida e o seu relacionamento com Deus e com os outros ao nível familiar, social e laboral”.
“Tudo isto vem enriquecer-nos e sensibilizar-nos para incrementar ainda mais a resposta pastoral da Diocese do Algarve a este sector, cada vez mais emergente, com tantas facetas e dimensões para o qual devemos estar cada vez mais atentos”, reforçou.
D. Manuel Quintas, que espera que este encontro possa marcar uma segunda fase na Pastoral do Turismo da diocese algarvia. “Conseguimos agora criar uma equipa plurifacetada, que tem à frente o padre Jorge Carvalho, que vem dar continuidade ao trabalho persistente e quase heróico dos padres Manuel Leitão Marques e Júlio Tropa Mendes neste sector. Esta equipa, da qual fazem parte um agente de viagens, uma empresária e uma guia turística, poderá ajudar-nos nas propostas para este sector”, afirmou.
O padre Jorge Carvalho, da equipa diocesana do Sector da Mobilidade Humana da Diocese do Algarve, considerou ter sido “interessante ver as diferenças pastorais que existem de norte a sul do país”. No entanto, o sacerdote destaca que o denominador comum entre as dioceses é a “falta da evangelização daqueles que vêm”, problema que considera poder ser minorado com o aumento de Eucaristias em inglês. “Seria bom que conseguíssemos fazer um acolhimento àqueles que vêem como turistas”, diz, acrescentando que “é preciso não só manter a igreja aberta, mas propor algo ao turista”.
Considerando que “os bispos têm consciência da importância do turismo” no nosso país, mas “não têm meios”, o padre Jorge Carvalho constata que “o grande problema é a passagem das ideias aos actos” e aponta a “falta de pessoas que se empenhem neste acolhimento” como a principal dificuldade, reconhecendo também ser difícil a angariação de mão-de-obra ao nível do voluntariado.
O padre Jorge Carvalho propõe ainda a criação de guias formados pelas dioceses, agentes que, por exemplo, ajudem a dar maior sentido espiritual e religioso às iniciativas da Pastoral da Mobilidade Humana. “Quando se fazem peregrinações era importante que houvesse guias formados pelas dioceses que ajudassem a organizar e a dar um maior sentido evangelizador a essas iniciativas”, refere.
Relativamente ao Sector da Mobilidade Humana da Diocese do Algarve adianta que a sua equipa irá agora reunir-se e decidir o rumo a tomar com vista a implementar as conclusões/sugestões que saíram do encontro de Ferragudo que servirá de rampa de lançamento para um trabalho mais programado.
Samuel Mendonça