
A Diocese do Algarve realizou no passado dia 28 de abril uma ação de formação para agentes paroquiais da pastoral do turismo.
A iniciativa, levada a cabo pelo Sector Diocesano da Pastoral do Turismo (SDPT), teve lugar em Faro, no Seminário de São José, com 14 participantes de várias paróquias do Algarve.

O coordenador do SDPT explicou que aquela atividade “visa a criação de equipas de acolhimento, sobretudo para aqueles que vêm de fora”, lembrando que estes não são apenas os estrangeiros. “Se vocês são agentes desse acolhimento, antes do pároco vocês são a cara da paróquia. Somos a cara da paróquia e somos a cara da Igreja Católica presente no Algarve”, destacou o padre Miguel Neto.
O sacerdote disse aos representantes das paróquias que o primeiro passo para constituir uma equipa de acolhimento é “ter vontade”. “Ter vontade para mostrar aquilo que é a nossa cultura, para ter as igrejas abertas”, precisou, garantindo a disponibilidade daquele serviço da diocese algarvia para fazer outras ações de formação que possam ser necessárias.

Luís Santos, também membro do SDPT, explicou que o objetivo daquele serviço é ajudar a “abrir os espaços, mas com algumas orientações” e disse que a equipa paroquial deverá ainda “transmitir informações precisas sobre o local que é visitável” e “coordenar tudo aquilo que são informações carregadas para o site” do SDPT.
Neste sentido, apelou à divulgação atualizada e precisa dos horários das celebrações. “Mais de metade dos telefonemas que temos são de reclamações de informações imprecisas”, lamentou, explicando que uma das principais iniciativas do SDPT tem sido “coligir informações muito básicas, como o horário das celebrações e se há celebrações noutras línguas para além do português e noutros ritos para serem disponibilizadas a todos, mormente aos agentes turísticos”.

O lamento de Luís Santos foi reforçado por Sandra Moreira, também da equipa daquele serviço diocesano, assegurando que “a cada ano que passa tem sido mais difícil recolher” a informação dos horários das celebrações da Semana Santa.
Luís Santos lembrou ainda que o SDPT disponibiliza no seu sítio na internet os textos litúrgicos em língua inglesa para pessoas de nacionalidade estrangeira poderem acompanhar a liturgia. “Temos que saber acolher quem nos visita”, frisou, considerando que “seria interessante que, em vários sítios, houvesse locais fixos onde pudessem ocorrer celebrações em língua inglesa”.
O Algarve presentemente tem celebrações em língua inglesa ao sábado às 18h30, na igreja matriz de Alvor, e às 19h, na igreja matriz da Luz de Lagos. Ao domingo, as celebrações ocorrem pelas 12h15, na igreja de Santa Maria de Tavira, e pelas 18h30 no empreendimento turístico ‘Four Seasons’ na Quinta do Lago, Almancil.
Luís Santos destacou o potencial histórico religioso da região algarvia, lembrando que já no século IV há referência ao bispo de Ossónoba (atual cidade de Faro) que assinou as atas do Concílio de Elvira (antiga cidade da romana Hispânia). “Nós evangelizamos através da cultura, do património e das nossas tradições que constituem património imaterial”, afirmou, lembrando que seria “importante estabelecer percursos de visita”.

“Mais importante do que isso é a própria interpretação do espaço. Se não tivermos o espaço interpretado, não sabemos como circular nele. Quem não tem o conhecimento daquilo para que serve o espaço para além de ser um monumento, não vai perceber se pode ir para a esquerda ou para a direita, se aquele lugar é mais importante que o outro ou se naquele espaço tem que haver um respeito ainda maior do que no restante”, complementou Sandra Moreira, para quem “a questão das visitas aos templos é muito complicada de gerir”, lembrando ser preciso “ter em conta os dois tipos de visitantes: os crentes e os não crentes”. “Há que ter respeito por todos”, acrescentou.

Sandra Moreira recordou ainda que o acolhimento dos visitantes é proporcionar “um encontro de culturas, de identidades, de vontades, de ideias”. “O que pretendemos é que esse encontro se estabeleça a três níveis: com o outro, connosco e com Deus. Se conseguirmos conjugar estas três dimensões, estamos a prestar um bom serviço não só às nossas comunidades que vão fazer esse acolhimento, mas a quem nos visita que precisa de tempos de descanso, de relaxamento, mas também deste espaço de encontro consigo e com Deus”, sustentou.
Aquela responsável apresentou o sítio do SDPT na internet e algumas ferramentas “que permitem facilitar o trabalho das equipas de atendimento que existem nas paróquias” e advertiu para a importância de não acolher os visitantes “num espaço que não está bem preparado, mas que tem meia dúzia de peças à venda de uma forma pouco elegante e cuidada”.

Alexandra Gonçalves, também da equipa do SDPT, abordou sobretudo questões de compatibilização entre o turismo e o património histórico e desafiou mesmo as paróquias a criarem “equipas de ação local” estudem a relação entre aquelas duas dimensões. “Na região do Algarve isto já podia estar a acontecer de uma forma muito mais consentânea”, considerou aquela responsável que é também a diretora regional de Cultura do Algarve, sustentando que aquelas seriam equipas “na proximidade com os municípios e as juntas de freguesia”.
Alexandra Gonçalves, que se deteve na enumeração de todos os aspetos a ter em conta para um melhor acolhimento dos visitantes, aludiu à importância da gestão dos fluxos de visita, da criação de padrões para os diversos tipos de público e mercados de visitação, da acessibilidade para diferentes graus de deficiência e à criação de um “programa interpretativo para aqueles que querem conteúdos especializados e outro mais pedagógico para aqueles que não têm a noção do que estão a visitar”, entre outros aspetos.