"É uma completa surpresa e estranho que o museu esteja incluído na venda, pois trata-se de uma estrutura classificada", disse à agência Lusa Manuel Ramos.

O complexo da Fábrica do Inglês, que inclui o Museu da Cortiça, em Silves, está a ser leiloado por dívidas ao Estado no sítio eletrónico da ATT, com uma base de licitação de 1.898.820 euros.

"É um processo estranho, sobre o qual não tenho qualquer informação desde há três meses, pois não me tem sido comunicado nada", sustentou o diretor do museu.

Manuel Ramos manifestou-se ainda "apreensivo com o futuro do espólio" do museu, distinguido com o prémio de melhor Museu Industrial da Europa em 2001, ano em que recebeu mais de 100 mil visitantes.

A Fábrica do Inglês, que funcionou como um espaço de animação turística entre 1999 e 2009, é propriedade do Grupo Alicoop/Alisuper, adquirido pelo Grupo Nogueira, que detém 28% das ações, pertencendo os restantes 72% a vários acionistas.

Construído no espaço de uma antiga fábrica de cortiça, o complexo encerrou em 2009 depois de ter sido decidida a sua insolvência em assembleia-geral de credores.

O Museu da Cortiça, que, além de máquinas e de outros equipamentos que permanecem nos locais originais da fábrica, reúne um espólio documental que remonta ao século XIX, época em que a cidade algarvia de Silves era considerada um importante polo da indústria corticeira.

O arquivo histórico da antiga fábrica foi transferido em 2012 para o Arquivo Distrital de Faro, mas o mesmo não pode ser feito em relação ao restante acervo.

Implantado num terreno com uma área de 5.400 metros quadrados, o complexo de animação turística foi inaugurado em 1999 e custou cerca de 12 milhões de euros.

De acordo com a informação disponível no sítio da AAT, a venda da Fábrica do Inglês tem um preço base de licitação de 1.898.820 euros, decorrendo o prazo para a apresentação das propostas até às 11:00 do dia 05 de junho.

Lusa