A diretora demissionária do mestrado de Medicina da Universidade do Algarve acusou hoje o reitor da instituição de “condicionar” a autonomia pedagógica e científica do curso e disse haver “abutres” a quererem mandar na formação.
A direção do Mestrado Integrado de Medicina da Universidade do Algarve demitiu-se em bloco na quinta-feira, após um “longo período de tentativas de resolução da situação”, declarou Isabel Palmeirim, durante uma conferência de imprensa realizada hoje à tarde, em Faro, no exterior daquela instituição de ensino superior.
O argumento para apresentar a demissão ao reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro, foi o de que o responsável realizou um acordo com o Centro Hospitalar do Algarve que “condiciona a autonomia pedagógica e científica” daquele mestrado integrado (designação dada ao curso de Medicina).
O reitor da Universidade do Algarve disse aos jornalistas, por seu turno, que o protocolo é o mesmo do passado e que a autonomia pedagógica e científica não está em causa, classificando a demissão como um “flop”.
À margem da conferência de imprensa, Isabel Palmeirim recordou à Lusa que quando o curso de Medicina abriu, em 2009, poucas pessoas estavam interessada nele, mas agora, depois de o curso receber boas avaliações, designadamente por parte da Agência de Acreditação do Ensino Superior, os “abutres” – que não especificou – querem mandar nele.
A direção demitiu-se em bloco por entender que com o referido protocolo “não existe forma de garantir a qualidade de formação dos alunos” e classificou a atitude do reitor como inflexível.
“Dada a inflexibilidade do reitor da Universidade do Algarve e a total rejeição pela parte da direção do curso de Medicina de uma diminuição da qualidade do ensino ministrado, esta entende que não tem condições para se manter em funções”, disse, acrescentando que os demissionários não aceitam cedências que possam colocar em causa a formação dos alunos.
O reitor asseverou, contudo, que “nunca houve qualquer interferência nessa autonomia” e frisou que “todas as iniciativas da universidade em relação ao exterior têm iniciativa da própria universidade”.
“Não tenho qualquer argumento para contrapor a isso, porque isso não é verdade”, disse, repetindo que o “protocolo é exatamente o mesmo que foi assinado há dois anos com o atual diretor do Hospital de Faro e há cinco anos com o antigo diretor”.
João Guerreiro assegurou que vai “zelar pelo bom nome da universidade do Algarve e sublinhou que não irá permitir que os “excelentes resultados obtidos até agora sejam postos em causa por elementos da comunidade académica”.
O curso de Medicina do Algarve tem atualmente perto de 150 alunos e já se formaram 29 médicos desde que abriu, em 2009.