Por sofrer de miopia, recorreu à clínica para colocar lentes intraoculares, mas poucas horas depois da cirurgia "já quase não via nada", o que a levou a procurar assistência médica de imediato.
Acabou por ser a primeira a ser internada para tratamento no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, para onde foram também encaminhados os outros três doentes, alguns apenas uma semana depois.
Conta que foram dias "muito difíceis" porque na altura apenas conseguia ver sombras, mas hoje, apesar de não ver nitidamente, já consegue sair sozinha à rua durante o dia e desempenhar algumas tarefas domésticas.
"Ainda tenho um longo caminho a percorrer, não vejo perfeitamente, mas já vejo melhor", refere, sublinhando que a sua principal dificuldade continua a ser a de distinguir as imagens ao longe.
A viver em Vila Nova de Milfontes, no Alentejo, com um filho de 18 anos e uma filha de 4, diz que é a ajuda da irmã e dos amigos que lhe tem valido durante os últimos 12 meses.
Desde o sucedido já foi submetida a três operações aos olhos mas diz ter ainda pelo menos outras duas pela frente.
"Acho que os médicos não falam muito no futuro para não me darem falsas esperanças mas eu acredito que vou melhorar", afirma.
Menos esperançado está Ernesto Barradas, de 84 anos, que perdeu o globo ocular direito após o tratamento na clínica de Lagoa e mal vê do olho esquerdo.
Segundo contou à Lusa a sua filha, Maria do Rosário Barradas, o pai, com quem vive em Vila Nova de Cacela, no Algarve, praticamente não sai sozinho de casa com medo de cair e tem grandes dificuldades em assinar o nome e ler.
"Ele andava de bicicleta, era autónomo, mas desde a operação que está muito em baixo", desabafa Maria do Rosário, que pediu transferência da Câmara de Lisboa para a de Vila Real de Santo António para poder cuidar do pai.
Há umas semanas a PJ mandou Ernesto fazer um exame médico para avaliar as lesões que resultaram da operação. Mas agora só volta a ter vaga para consulta no Hospital dos Capuchos, onde foi tratado, em fevereiro do próximo ano.