As noites já não são tão estreladas como eram, entre elas há um vácuo, um vazio perdido e um eco incompreendido pela própria natureza. O silêncio do céu foi substituído pela constante emissão de luzes artificiais, pela serenidade agitação dos meios digitais, pelas emoções artificiais.
O “offline” cedeu espaço para o “online”, envolve-nos a qualquer hora, seja de dia ou de noite. A informação, perdeu a gravidade desprovida de barreiras, circula agora a uma velocidade sem tempo nem vento.
Já não nos olhamos nos olhos com a mesma intensidade, nem nos beijamos com a mesma serenidade e sinceridade. Em vez disso, trocamos palavras digitadas, gestos imortalizados em pixels, e até as emoções se tornam emojis rápidos e distantes. Estamos imersos num isolamento digital que, aos poucos, se torna fatal para nossa conexão humana genuína. Estão mais próximos os que estão distantes do que aqueles que estão ao nosso lado.
Por mais conectados que nos sintamos, estamos cada vez mais distantes.
A aparência virtual ocupa o lugar da presença real. Desligados de quem está ao nosso lado, contemplamos uma imagem distorcida, pelo vento, ajuizando, os nossos valores mais profundos. A Verdade seja dita, derrubamos muros de distância mas criamos barreiras invisíveis entre nós.
Desconetamos o silêncio das paisagens, o som do vento nas árvores, o aroma da terra molhada da chuva. Aos poucos perdemos a capacidade de contemplar a beleza simples e profunda da natureza, esquecendo-nos que é nela que habita a verdadeira força e mais puro dos sentimentos.