Sete mães, encarregadas de educação, partilharam a experiência e a opinião sobre Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), a disciplina “da terapia” que os filhos frequentam, e onde os alunos aprendem “a ser gente”.

“É uma disciplina em que nunca tive dúvidas se iria matricular a minha filha, costumo dizer aos pais o que a minha mãe dizia há 30 anos: ‘Enquanto lá estás aprendes a ser gente’. E é isto mesmo, eles aprenderem a valorizar ainda mais a família, os amigos, a escola, aprenderem valores como a bondade, a amizade, a solidariedade”, disse Cristina Henriques, que tem uma filha de 10 anos de idade no 5.º ano de escolaridade.

Em declarações à Agência Ecclesia, a professora na Escola Básica integrada da Torreira e responsável pelo 1.º Ciclo no Agrupamento de Escolas da Murtosa explica que “alguns pais e miúdos” ainda consideram a disciplina de EMRC uma “continuação da Catequese” e, depois, percebem que “tem conteúdo, são transversais, estudam valores para a vida”; A disciplina “não é a continuação da catequese”, há a dimensão “do fenómeno religioso, da religião”, mas, “mais tarde, também essas aprendizagens ajudam a fazer as escolhas deles”.

Rita Vicêncio tem uma filha no 6.º ano de escolaridade no Agrupamento de Escolas de Sines e considera que a EMRC pode ser, na formação dos alunos, uma preparação “para uma disciplina como a Filosofia” no Secundário, a “importância do pensamento sobre os grandes valores, sobre a existência, sobre o que é a vida”.

“Esta disciplina proporciona um espaço de liberdade de debate. Não tenham medo da doutrina. Esta disciplina respeita os valores da tolerância e do diálogo, e numa perspetiva dos grandes valores humanos. Preparando-os para serem cidadãos responsáveis, ativos, conscientes”, desenvolveu, destacando a importância de uma “formação sólida numa base moral, ética e de valores”.

Com dois filhos, a Catarina e o Vasco, respetivamente no 5.º e 11.º ano, Paula Santos é também assistente operacional no Agrupamento de Escolas de Sernancelhe e “no impasse” da escolha de EMRC, na “hora das matrículas”, diz “sempre” aos pais que é “a disciplina da terapia, de final de dia”, onde os alunos “podem descarregar o peso da carga horária, dos conteúdos, e conseguem diversificar, falar do que quiserem porque o professor também o permite”.

“Encontraram sempre na disciplina uma dinâmica muito diversificada, os professores nunca se resumem a cumprir o currículo do livro e, por isso, a disciplina é apelativa”, explicou.

Em Vila de Rei, Fátima Aires é mãe do Ricardo, que está no 8.º ano, e da finalista Patrícia, no 12.º ano, e afirma que “graças a Deus, hoje não se vê”, como no se tempo, a disciplina “quase como que uma catequese” mas “os valores cristãos são transmitidos”.

A Assistente Social destaca o trabalho do professor que envolve os alunos, a comunidade educativa, a paróquia onde todos fazem “um trabalho extraordinário” e quando há uma iniciativa os estudantes “estão sempre prontos a participar e gostam de participar”.

Ana Rita Rosa é mãe do Artur que, está no 7.º ano na Escola Básica 23 Vasco da Gama Sines, e frequenta este ano letivo EMRC porque pediu “a meio do 6 ano”.

“Fui ver quais eram as aprendizagens essenciais da disciplina para o 7.º ano, para o matricular, e fala-se nos afetos (transversais por toda a nossa vida), da paz (a paz que começa dentro de nós, interior). Temos uma escola multicultural e hoje, cada vez mais, é importantíssimo ensinarmos aos nossos filhos o respeito pelo outro. Para além da influência que teve dos colegas, a professora Anabela é fantástica, tem um dinamismo dentro e fora da sala de aula, um empreendedorismo, incrível”, explicou.

A lei prevê a oferta obrigatória da disciplina curricular de Educação Moral e Religiosa Católica do Ensino Básico ao Secundário e no atual ano letivo 2019/2020 passou a integrar as matrizes dos cursos profissionais (Decreto-Lei nº 55/2018, de 6 de julho).

A Concordata assinada em 2004 entre Portugal e a Santa Sé consagra a existência da disciplina de EMRC, sendo os professores propostos pelos bispos, nomeados pelo Estado e pagos pela tutela; É uma componente do currículo nacional, de oferta obrigatória por parte dos estabelecimentos de ensino e de frequência facultativa.

Ecclesia