Seis associações empresariais algarvias vão avançar com uma terceira providência cautelar contra a construção de um complexo comercial que integra uma loja Ikea, em Loulé, disse hoje à Lusa o dirigente de uma das associações signatárias.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) contestou a dimensão do projeto – que se estende por 40 hectares – e o estudo de impacte ambiental apresentado pelos seus promotores, considerando que a construção do complexo afetará todo o Algarve.
“O complexo vai criar uma nova centralidade empresarial e toda a economia da região vai abanar”, afirmou Victor Guerreiro, que considera que, por muito emprego que o projeto possa criar, “vai desempregar o dobro”, criando ainda mais assimetrias na região, com um “impacto brutal” nas famílias algarvias.
O grupo sueco Ikea recebeu no final de maio as licenças comerciais para a construção de uma loja, centro comercial e ‘outlet’ em Loulé, projeto que, segundo os promotores, prevê a criação de 3.000 postos de trabalho diretos e indiretos, num investimento total de 200 milhões de euros.
A empresa prevê inaugurar a loja de Loulé em 2016, e o restante complexo, composto pelo centro comercial e ‘outlet’, em 2017, mas, ainda assim, Victor Guerreiro não quer acreditar que o processo seja irreversível e promete manter a luta contra um complexo cuja dimensão não considera adequado para a região.
De acordo com aquele responsável, a média nacional de grandes superfícies comerciais é de 260 metros quadrados por habitante, valor que, no Algarve, atinge os 450 metros quadrados por habitante, excluindo o futuro complexo comercial em que se insere a loja Ikea.
A nova providência cautelar será entregue pela ANJE/Algarve, Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL), Associação de Empresários de Quarteira e Vilamoura, Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA) e pela Confederação de Empresários do Algarve (CEAL).
As mesmas entidades já tinham apresentado uma providência cautelar em 2013 para tentar impedir a localização da loja Ikea de Loulé, junto ao nó Loulé-Faro da A22, numa zona próxima do Estádio Algarve.
Antes disso, em 2011, quatro das seis associações já tinham tentado impugnar judicialmente o plano de urbanização que viabiliza a construção de uma loja, mas o tribunal deu parecer favorável à localização prevista.
Para a loja poder ser instalada naquele local, a Assembleia Municipal de Loulé aprovou, em 2013, o Plano de Urbanização Caliços-Esteval, que implicou a reclassificação daqueles terrenos, que antes integravam a Reserva Agrícola Nacional, para uso urbano.
A alteração da utilização dos solos dos terrenos que vão acolher o projeto comercial é a questão mais polémica decorrente da aprovação daquele plano de urbanização, que incide também sobre a área empresarial do Esteval, o Parque das Cidades e o antigo matadouro do Algarve.