Moços e Marinheiros do Agrupamento 1331 – Marítimos de Carvoeiro, com Pioneiros do Agrupamento 181 de Silves, percorreram os trilhos das falésias rochosas da praia da Marinha à praia de Carvoeiro, numa autêntica “viagem no tempo”, pelos 24 milhões de anos que tem a orla costeira do concelho de Lagoa.
“A fascinante paisagem de arribas escarpadas, algares, leixões, furnas, vales encaixados, praias e barrancos, constituiu um autêntico «livro aberto» da natureza e do tempo pelo extraordinário património natural do concelho de Lagoa, nos domínios da geologia, da fauna e da flora, deliciosamente seguido pelo grupo de escuteiros” com idades entre os 11 e os 17 anos, orientados por quatro dirigentes adultos, explica a organização.
Ao longo das arribas do Miocénico Inferior (24 a 16,5 milhões de anos), repletas de fósseis marinhos (incluindo fósseis de corais) e dos depósitos areno-argilosos do Plio-Plistocénico (5 a 1 milhão de anos), entre as “plataformas” elevadas, ao longo das sinuosas falésias contínuas, cruzando uma vegetação diversificada, típica das arribas, que vai da salgadeira ao zimbro, do pinheiro de alepo ao carrasco, passando pelo pampilho-do-mar, palmeira anã (a única palmeira originária da Europa), aroeira orquídeas e lírios selvagens (como os maios-roxos), há todo um mundo vivo, interactivo, onde abundam várias espécies animais, nomeadamente de avifauna, como o pombo-das-rochas, a gaivota-argêntea e o andorinhão-real, e mesmo aves de rapina como o falcão peneireiro e o falcão peregrino.
Tudo isto levou a que, em maio de 2010, entre a Câmara Municipal de Lagoa e o Ministério do Ambiente, fosse criado o Programa dos Sete Vales Suspensos, um caminho pedonal que se estende desde a praia da Marinha à de Vale de Centeanes, ao longo das arribas contínuas e das antigas linhas de água que desembocam nas próprias falésias, acima do nível do mar.
E os escuteiros, numa acção que visou a educação integral e que teve como mote “conhecer, apreender, compreender, transmitir”, seguiram todo esse percurso, educativo e evocativo da necessidade da defesa e preservação de tão importante e raro património natural. “Os escuteiros dos dois agrupamentos solidificaram laços de amizade e espírito de patrulha no melhor ambiente escutista”, realça ainda a organização.
Ao longo da caminhada de aprendizagem e convívio, partilharam um almoço perto do farol da Alfanzina, no Cabo Carvoeiro, onde existiu outrora a foz de uma antiga linha de água que deu origem a um vale encaixado que, em função de um recuo da costa mais rápido do que o entalhe do barranco, formou o vale suspenso.
A aventura “no tempo” continuou, por Vale Côvo, Vale de Centeanes e Algar Seco. Após cerca de oito quilómetros percorridos, a jornada terminou com um convívio escutista no largo da capela de Carvoeiro.