Eduardo Carrero Santamaría, da Universidad Autonoma de Barcelona, que se referiu ao tema “La catedral desde la liturgia. Arquitetura, espacios e imágenes”, alertou para a necessidade de se conhecer o calendário litúrgico para se compreender a história e a cultura das catedrais. Aquele orador apresentou ainda algumas propostas contemporâneas para ajudar a interpretar o património litúrgico das catedrais.
Paulo Varela Gomes, da Universidade de Coimbra, começou por aludir às diferenças entre a estrutura arquitetónica em Portugal, Espanha, França, Itália e Inglaterra. Referindo-se ao tema “A mudança do sistema de coros das Sés portuguesas no quadro europeu (séculos XV e XVI)”, o conferencista evidenciou o coro alto como expressão arquitetónica exclusiva portuguesa, advertindo para as exceções de Funchal e Leiria, onde não foram construídos coros altos.
Varela Gomes referiu-se às alterações dos sistemas de coros nas sés portuguesas, garantindo que o sistema português de coros que teve origem no último terço do século XV, assentava sobretudo em coros baixos, e apresentou o resumo histórico dos coros de cada sé de Portugal, evidenciando o da sé de Viseu como o mais extraordinário coro alto em Portugal.
Nos séculos XVI e XVII disse suspeitar-se da sucessão de vários modelos de coros em Portugal, a julgar pelo caso de Coimbra e apontou a sé de Leiria como a mais “não ibérica” das catedrais portuguesas.
Manuel Teixeira, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, analisou o tema “A catedral e o ordenamento urbano. Os casos do Funchal e de Angra do Heroísmo” para aludir à localização estratégica de construção das igrejas e catedrais.
Referiu-se igualmente ao papel dos edifícios religiosos na implantação de outros edifícios e na valorização e reformulação da malha urbana e considerou que a sé funchalense surgiu no contexto de um “plano intencional” de D. Manuel I.
Paulo Almeida Fernandes, do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto, abordou o tema “Românico: o tempo das catedrais”, para considerar que o românico é mesmo o tempo das catedrais portuguesas.
O orador salientou o facto de para a construção das catedrais convergirem “os melhores artistas”, no “topo da carreira artística”, apontou as relações existentes entre as várias catedrais e referiu-se ao “impacto que as catedrais tiveram na arte do seu tempo” que fizeram com que fossem “definidoras dos períodos artísticos”.
Identificou três grupos de catedrais: de peregrinação (Braga e Porto), a via de influência normanda (Lisboa, Coimbra e Évora) e as da beira (Viseu, Guarda e Idanha-a-Velha). Apontou as principais características de cada grupo e identificou algumas originalidades das catedrais portuguesas.
José Custódio Vieira da Silva, do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, analisou “Os tempos góticos das catedrais portuguesas” referindo-se aos claustros catedralícios como “um dos espaços fundamentais de vivência da cidade” que serviriam para espaço funerário, sepultamentos, reuniões do cabido e capelas de confrarias. De todos, considerou o da sé de Évora como “o mais significativo do gótico”.
O conferencista apontou a catedral de Silves como a primeira sé gótica construída de raiz em Portugal, lamentando no entanto que, no país, não haja uma obra gótica “do princípio ao fim”. Por outro lado evidenciou que a catedral passa a ter um papel de crescimento das povoações que as alcáçovas não permitiam.
Da catedral de Faro destacou o túmulo gótico em gesso, recentemente descoberto, como “único em Portugal”.
Cátia Santos abordou o tema “As Sés Joaninas: arquitetura episcopal portuguesa na segunda metade do século XVI” para apresentar levantamentos das sés de Miranda do Douro, Leiria e Portalegre, tendo identificado os aspetos comuns gerais e as diferenças entre eles. “Há muita austeridade na imagem destas igrejas”, constatou, apresentando ainda algumas possibilidades para o projeto original da sé de Miranda que considerou ter sido encurtado.
Samuel Mendonça