A Lusa esteve dos dois lados da fronteira e ouviu comerciantes portugueses e espanhóis que depositam esperanças no protocolo assinado no mês passado entre os municípios de Ayamonte e Vila Real de Santo António, com o patrocínio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

O aprofundamento da cooperação transfronteiriça, a partilha de equipamentos e a definição de uma estratégia conjunta de desenvolvimento são objetivos da constituição da eurocidade.

Rosana Santana, proprietária de um estabelecimento comercial numa das principais ruas de Ayamonte, disse à Lusa que viu com agrado a assinatura do protocolo e que espera agora que em ambos os territórios se possam conjugar esforços para poder atrair mais visitantes para a eurocidade.

“Tudo o que seja convénio com Espanha e Portugal, neste caso entre Vila Real de Santo António e Ayamonte, traz muito boas perspetivas e esperamos que ambas as cidades possam fazer bom uso dele e tragam benefícios para Espanha e Portugal”, afirmou.

Apesar de “os comerciantes não terem perspetivas nenhumas devido à crise”, Rosana Santana frisou que “a hipótese de haver uma promoção conjunta dos dois municípios em termos turísticos pode também ser benéfica”.

“Esperamos que nos proporcione uma janela para o exterior e permita ter repercussões positivas”, afirmou, frisando que “Portugal e Espanha, sobretudo estas duas cidades, sempre foram irmãos e tudo o que se possa unir e fazer para ajudar é bom para os países”.

O sentimento é partilhado por Ana Carmo, outra comerciante espanhola, que está “confiante nos benefícios” da eurocidade, apesar de, na sua opinião, ainda precisar de ser mais divulgada para se tornar conhecida entre as populações.

Do lado português, Luís Camarada, proprietário de vários estabelecimentos, desde a restauração ao alojamento, afirmou à Lusa que “a eurocidade é um grande momento para Vila Real de Santo António e para os comerciantes locais”.

“Este projeto já devia ter sido efetivo há mais tempo, porque na realidade a história de Vila Real de Santo António tem muito a ver com a história de Ayamonte e a de Ayamonte muito a ver com a de Vila Real de Santo António”, acrescentou.

Para Luís Camarada, as duas cidades estavam nos últimos anos de “costas voltadas” e “agora há sangue novo, há uma esperança nova” de juntá-las e de se poder desenvolver projetos como o de um teleférico sobre o Guadiana, “uma aspiração antiga dos comerciantes locais”.

Para o empresário, “a promoção é fundamental” e poderá ser feita em conjunto, o que “a curto prazo trará grandes benefícios para o comércio” das duas cidades.
Lusa