A eurodeputada Isilda Gomes alerta que a falta de habitação é o “principal problema” social da Europa neste momento.

Aquela responsável falava no passado sábado no auditório do Museu de Portimão, no âmbito da conferência que apresentou sobre a ação social dos jesuítas, naquele concelho, nos últimos 50 anos, uma iniciativa inserida no programa do triplo aniversário que a comunidade algarvia jesuíta celebra este ano.

“Hoje não são os pobres de antigamente quem mais nos deve preocupar, são os pobres modernos que são aqueles que ganham tão pouco que não têm casa, que não têm praticamente nada e que nem sequer sabem pedir ajuda ou que têm medo ou que têm vergonha de pedir ajuda. É essa pobreza envergonhada que nos tem de preocupar cada vez mais”, alertou.

A eurodeputada – que foi escolhida para integrar a Comissão Especial do Parlamento Europeu sobre a Habitação e que terá como objetivo a criação em menos de um ano de um Plano Europeu para a Habitação acessível, bem como a proteção e defesa dos sem abrigo – garantiu haver presentemente na Europa “85 milhões de pessoas que ou não têm casa ou têm carência habitacional”, isto é, vivem em condições precárias.

Aquela responsável lembrou que “em Portugal a questão dos sem abrigo tem disparado com um volume muitíssimo grande”. “Antigamente os sem abrigo eram normalmente pessoas com doenças mentais ou toxicodependentes. Hoje, não. Hoje os sem abrigo são famílias que trabalham, mas que não conseguem pagar uma casa e dormem numa tenda num jardim, por exemplo no centro de Lisboa, no Jardim da Estrela”, lamentou, acrescentando: “há uns anos um professor tinha uma boa vida com aquilo que ganhava. Hoje não tem porque não consegue pagar uma casa e esse é o maior obstáculo social que hoje temos para que as pessoas possam ter uma vida condigna”.

Isilda Gomes lembrou que “a habitação é fundamental”. “Quando tivermos habitação para todos – e não é habitação social, falamos em habitação acessível e condigna -, quando conseguirmos atingir esse objetivo temos metade dos problemas resolvidos”, defendeu, considerando que ainda há “muito para fazer, apesar do muito que tem sido feito”.

Aquela agente política denunciou que “ultimamente há imensos bebés que ficam nos hospitais porque as mães são sem abrigo e não têm para onde levar os filhos”, garantindo que o problema não se coloca só no resto do país. Isilda Gomes considerou, por isso, ser um dos problemas prementes que importa resolver rapidamente. “É uma das coisas a que temos de deitar mãos rapidamente, nem que seja para construir um abrigo para colocar a mãe e a criança. Isto são problemas novos com os quais estamos a ser confrontados e para os quais ainda não temos a resposta”, alertou, exortando todos a “ajudar e lutar por quem mais precisa” por forma a “construir uma sociedade cada vez mais igual e, sobretudo, cada vez mais solidária”.

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