O bispo do Algarve lamentou hoje a aprovação da legalização da eutanásia e suicídio assistido, ocorrida na passada sexta-feira, após votação na Assembleia da República.
Na eucaristia a que presidiu esta manhã no oratório do Paço Episcopal de Faro, D. Manuel Quintas juntou a sua voz à dos restantes bispos portugueses e sublinhou que, “como refere o comunicado da Conferência Episcopal, trata-se verdadeiramente, não de um progresso, mas de um retrocesso cultural sem precedentes”.
O bispo diocesano disse querer exprimir também a sua “comunhão com todos os bispos e, sobretudo, despertar nos cristãos algarvios uma maior sensibilidade para com aqueles que sofrem e se encontram na etapa final da sua vida”. “Agora, mais do que nunca, reforçamos o nosso propósito de acompanhar com solicitude e amor todos os doentes e em todas as etapas da sua vida terrena e, de modo especial, na sua etapa final. Ou seja, esta lei vem despertar em nós maior proximidade e acompanhamento com aqueles que se encontram na fase final da sua vida”, acrescentou.

O responsável católico teve “presente todos aqueles que vivem” num “mundo de dor e de sofrimento e que não encontram nos cuidados paliativos a resposta para essa dor e para esse sofrimento”.
D. Manuel Quintas disse ainda aguardar “que os mesmos que aprovaram esta lei e tiveram esta iniciativa, agora se decidam a alargar a todo o território nacional – litoral, interior e ilhas – uma rede de cuidados paliativos que seja resposta às necessidades” que todos reconhecem.
O parlamento aprovou na sexta-feira a legalização da eutanásia com os votos de grande parte da bancada do PS, do BE, PAN, PEV, Iniciativa Liberal e 14 deputados do PSD e votos contra do CDS, Chega e PCP. No total, votaram a favor 136 deputados, 78 contra e quatro abstiveram-se.
Dos nove deputados eleitos pelo círculo de Faro, apenas um votou contra: Rui Cristina, do PSD. Ofélia Ramos absteve-se e os restantes sete votaram a favor. Foram eles Ana Passos (PS), Cristóvão Norte (PSD), Francisco Oliveira (PS), Jamila Madeira (PS), João Vasconcelos (BE), Joaquina Matos (PS) e Luís Graça (PS).