Em entrevista à Agência Lusa, Pedro Ferré, professor e vice-reitor da Universidade do Algarve, explica que o colóquio, batizado de "Memória e Cidadania na Literatura Tradicional Peninsular", é uma "homenagem a Teófilo Braga e Antero de Quental", escritores portugueses que através da literatura contribuíram para a "cidadania e formação" de várias gerações.
Através da literatura tradicional, pode entender-se como a transmissão de valores através da memória contribuiu para a cidadania no nosso país, explicou aquele especialista que coordena o colóquio com Helena Buescu, professora da Faculdade de Letras de Lisboa.
No século XIX, por exemplo, Antero de Quental, baseando-se no romanceiro e na lírica tradicional, preparou o "Tesouro Poético da Infância" com a preocupação de despertar nos jovens o sentimento do bem e do belo, "sem o qual, mais tarde, a própria retidão do caráter degenera numa dureza intolerante e estreita", explica o professor.
A memória, sublinhou, é o suporte da literatura tradicional, e só ela permite que a mesma perdure. Mas daí resulta também a sua variabilidade, ao contrário do que sucede com a literatura em suporte de pergaminho ou de papel.
Outra característica desta literatura é ser "atirada para o anonimato", desconhecendo-se o seu criador.
Participam no colóquio especialistas portugueses e espanhóis, docentes do ensino superior.
O evento, organizado pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, arranca às 09:30 da próxima segunda-feira, dia 10, na Sala de Seminários da Reitoria da Universidade do Algarve, Campus de Gambelas. No dia 11, decorre em Tavira, na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos.
Lusa