Andreia Gaspar foi uma das mães que levou a família ao almoço e disse à Lusa que estas iniciativas são importantes para quem passa dificuldades financeiras e não tem trabalho, como é o seu caso.
“Acho bem que realizem estes almoços, mas deviam era acontecer mais vezes, não só na época de Natal, mas também outras vezes por ano”, afirmou a mulher, que tem a seu cargo duas filhas e apenas o marido tem emprego.
Com 29 anos, Andreia Gaspar fez um diagnóstico pessimista da situação do país, afirmando que está desempregada e se depara com problemas para conseguir pagar as suas contas, mas frisou que é sempre bom as crianças poderem sair do seu ambiente e terem uma tarde diferente, como aconteceu hoje.
“Apesar de eu procurar que não lhes falte nada, é sempre bom para as crianças, para saírem do seu ambiente e se divertirem um pouco. As perspetivas para o próximo ano são muito más, ando à procura de trabalho, enviei currículos para todo o lado, mas não consigo encontrar nada”, lamentou.
As dificuldades são uma constante entre a meia centena de pessoas que hoje esteve na Fundação.
Carlos Prata perdeu há quatro meses o trabalho de jardineiro em Lisboa e agora começa a preocupar-se com a hipótese de perder a casa por não poder suportar os encargos.
“Tenho três filhos, estou desempregado, como a minha mulher, e não recebemos nada de nada. Desde agosto que não tenho trabalho e não consigo arranjar outro. Isto está cada vez pior, estou quase a morar na rua, e com as minhas filhas não sei como vou fazer”, afirmou Carlos Prata, referindo-se aos três menores que tem a seu cargo.
Por umas horas esta família tentou esquecer os problemas económicos e aproveitar o convívio e o almoço de salada de feijão-frade e atum e bacalhau com natas, servidos aos cerca de 140 participantes.
O presidente da câmara de Tavira, Jorge Botelho, também esteve presente e frisou que a autarquia já promoveu este ano vários almoços de solidariedade, situação que se “irá repetir em 2013”, devido ao agravamento previsto do desemprego e das carências económicas da população.
“Cada vez mais, nestes tempos de 2012 e naqueles que se anunciam para 2013, as câmaras e a solidariedade fazem mais sentido. Mas não pode ser uma solidariedade falada, tem que ser praticada, porque se conseguimos suprir algumas dificuldades das crianças nas escolas, agora também temos os adultos, os reformados e as pessoas a quem cortaram os rendimentos”, notou.