O bispo do Algarve defendeu na tarde de hoje, em que a Igreja celebra a memória litúrgica dos fiéis defuntos, que a caridade é o “modo adequado de rezar, sufragar e aliviar as penas e as dores daqueles que ainda precisam da nossa oração e do perdão de Deus para entrar no céu”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na Eucaristia a que presidiu no Cemitério da Esperança, em Faro, D. Manuel Quintas evidenciou que “as velas apagam-se, consomem-se, as flores murcham, as lágrimas secam”, mas há “algo que permanece para sempre, não murcha, não se apaga, não se consome”. “É a oração, é a fé em Cristo ressuscitado. E mais ainda. São os gestos fraternos e solidários, é a caridade”, afirmou, considerando que “a melhor maneira de sufragar aqueles que partiram é ter gestos solidários uns com os outros, mesmo de ajuda concreta, ou então de perdão, de reconciliação, tendo presente aqueles que partiram como forma de oração, de chegar ao coração de Deus”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Esses gestos que têm a ver com o fazer bem aos outros chegam diretamente ao coração do Pai, chegam diretamente ao céu, podemos assim dizer. Por isso, não fiquemos apenas naquilo que pode ser tantas vezes a flor, a vela, a lágrima. É preciso caminhar um pouco mais além da fé e isso estará sobretudo na oração que não murcha, não seca, não esgota, não acaba e, sobretudo, na caridade, em gestos fraternos e solidários”, pediu, considerando que “consiste também na reconciliação, no perdão, na capacidade de acolher, de ir ao encontro das necessidades dos outros, de construir a paz”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Mas, para além da caridade, o responsável católico referiu-se também às restantes duas virtudes teologais. O bispo do Algarve começou por se referir à “fé na ressurreição” que lembrou ser “essencial” para os cristãos. “Este é o pilar essencial da nossa vida cristã e também aquilo que nos motiva e mobiliza para rezarmos. Se rezamos por eles, quer dizer que acreditamos que não morreram para sempre”, realçou, acrescentando: “eles precisam da nossa oração e nós precisamos da oração de todos aqueles que já estão no céu. Esta comunhão que celebrámos ontem, a comunhão com todos os santos, tem como fundamento a fé na ressurreição de Cristo”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas acrescentou que essa “luz” da fé “guia”, “orienta” e “ajuda a discernir, a ver com maior clareza, sobretudo em situações de dificuldade, mais escuras e sombrias, que considerou serem “tantas nos dias de hoje”. “A pandemia que foi tão difícil atravessar e da qual ainda não saímos, esta guerra que transtorna tudo e todos, a economia, a inflação, os preços a subir, as dificuldades de tanta gente”, enumerou, considerando ser “preciso que a luz da esperança”, outra virtude teologal, “ilumine” e “guie”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo diocesano começou aquela celebração, lembrando os seus destinatários. “[Estamos] unidos em oração por todos aqueles que o Senhor chamou desta vida, particularmente os nossos familiares defuntos, aqueles pelos quais nos sentimos gratos por todo o dom que recebemos. De maneira particular, queria ter presente cada uma das vossas intenções neste dia”, afirmou na eucaristia concelebrada pelos párocos da cidade de Faro, os cónegos César Chantre e Rui Barros.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas disse ainda sentir uma “particular obrigação e dever de rezar pelos bispos desta diocese falecidos, pelos padres, particularmente os mais recentemente falecidos”. “É nesta eucaristia que eu quero recordá-los convosco, gratos por todo o dom da sua vida, do seu serviço, do seu ministério à nossa Igreja diocesana”, afirmou o bispo diocesano, explicando que aquela Eucaristia substituiu a que estava prevista realizar-se com aquela intenção no próximo domingo na Sé de Faro que ainda permanece em obras.