O bispo do Algarve afirmou ontem à tarde que “rezar pelos defuntos é um ato de digno e nobre, sobretudo quando fundamentado na fé na ressurreição”.

Na Eucaristia a que presidiu em Faro – não no Cemitério da Esperança como estava previsto, mas na igreja de São Luís, devido às adversas condições climatéricas – D. Manuel Quintas realçou que “aqueles que morreram estão vivos e, por isso, é importante tê-los presentes na oração, confiá-los à bondade e misericórdia de Deus”. “Eles estão vivos. Como rezamos no prefácio, a vida não acaba, apenas se transforma. A morte não é a última palavra sobre o ser humano porque a vida continua de maneira diferente. E é isso que nos motiva e mobiliza à oração pelos defuntos”, sustentou.
O bispo diocesano considerou que rezar pelos defuntos significa também “olhar para a própria vida”. “Eles apenas nos precederam na morte. Nós vamos a caminho. Esta é uma certeza indesmentível porque é esta a lei da vida. Também nós estamos aqui de passagem. Não temos aqui morada permanente”, referiu, acrescentando: “aquilo que nos espera, esse encontro com Deus que deve ser vivido na esperança e na confiança sempre apoiados nesta verdade fundamental: Cristo ressuscitou, nós também vamos ressuscitar”.

D. Manuel Quintas explicou que esse “será um encontro de conhecidos”. “Só não sabemos nem o dia, nem a hora, nem como, mas não seremos surpreendidos por quem vamos encontrar porque já o conhecemos e Ele também nos conhece a nós. É um encontro de amigos. Isso deve despertar em nós confiança e ao mesmo tempo a esperança de que tudo o que Ele nos disse se vai concretizar nesse momento”, afirmou na Eucaristia concelebrada pelos párocos da cidade de Faro, os cónegos César Chantre e Rui Barros, e pelo padre António Moitinho, tendo contado ainda com o serviço do diácono Rogério Egídio.
A terminar, o bispo do Algarve lembrou que “rezar pelos defuntos, sim, é importante e não só neste dia, mas todos os dias”, mas também adequar a “vida à palavra”, à “mensagem” escutada dominicalmente ou até lida em casa “e, de maneira particular, à própria pessoa de Jesus”.
Lembrando a solenidade de Todos os Santos, ou seja, “a santidade de todos aqueles que já se encontram junto de Deus”, celebrada anteontem, recordou que a “Igreja peregrina” “está unida não apenas àqueles que já estão no céu, mas também àqueles que precisam da oração”.

O dia 2 de novembro, no calendário católico, está reservado para a “comemoração de todos os fiéis defuntos”, celebração que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.
Este costume depressa se espalhou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar três Missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.
Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).
com Agência Ecclesia