No dia de ontem, em que a Igreja celebrou a memória litúrgica dos fiéis defuntos, em Portugal foi também dia de luto nacional e homenagem a todos os falecidos, em especial às vítimas da pandemia, que já provocou mais de 2500 mortes e o bispo do Algarve também teve presente essa intenção.
“Este ano, de maneira particular, unindo-nos até a este luto nacional por todos aqueles que morreram vítimas da pandemia. Não queremos esquecer inclusivamente os seus familiares e todos aqueles que sofrem toda a espécie de consequências devido a esta pandemia”, afirmou D. Manuel Quintas na celebração da eucaristia a que presidiu na Sé de Faro.

O responsável católico lembrou ainda os falecidos “pelas dificuldades em lhes prestar o cuidado devido que a sua situação frágil e debilitada exigia”. “Não esquecemos nesta eucaristia igualmente os familiares de todos os falecidos que se viram impossibilitados de lhe prestar o luto, o afeto, a homenagem que o seu coração lhes ditava”, acrescentou.
D. Manuel Quintas recordou que a diocese algarvia teve presente esta mesma intenção logo na primeira eucaristia, celebrada após o confinamento geral, no passado dia 31 de maio e acrescentou que no próximo dia 14 deste mês, em Fátima, os bispos de Portugal também celebrarão uma eucaristia pelas vítimas da covid-19.
O bispo diocesano tem presidido nos últimos anos à celebração da memória litúrgica dos Fiéis Defuntos no Cemitério da Esperança, o que este ano não aconteceu devido à pandemia de covid-19. Em Faro, em substituição daquela celebração, as paróquias da cidade celebraram ontem missas nas suas igrejas, presididas pelos respetivos párocos.

D. Manuel Quintas lembrou que aquela eucaristia anual visa também rezar pelos bispos do Algarve falecidos. Nesse sentido, lembrou particularmente os últimos cinco que serviram a diocese de 1920 a 1988. “Queremos tê-los presentes na nossa oração em sufrágio da sua alma e também na gratidão pelo dom do seu serviço. Cada um serviu a diocese a seu modo, mas certamente todos com o amor e o zelo de apóstolos de Cristo e do evangelho. Estamos gratos a todos e hoje, por evocarmos de Deus para cada um a feliz recompensa do céu, queremos também dar graças a Deus pelo dom da sua vida, pelo seu serviço dedicado e generoso e pela sua grande solicitude como pastores da nossa Igreja diocesana”, afirmou, sustentando que essa gratidão estende também a D. Manuel Madureira, bispo emérito da diocese, de 83 anos, “felizmente ainda vivo”, para que pediu o “dom da saúde”.
O bispo do Algarve lembrou que, “à luz da fé, celebrar a morte é sempre imbuí-la da dimensão pascal de Cristo”. “Para nós celebrar a morte é celebrar a vida, a vida nova que recebemos do batismo e a vida eterna que nos é garantida pela ressurreição de Cristo e garantia da nossa ressurreição”, afirmou, acrescentando que “a morte não deve ser vista como o fim de tudo, mas como o princípio da verdadeira vida em Cristo”. “Não se trata de uma simples consolação humana, mas de uma certeza de vitória sobre a morte que Cristo ressuscitado nos alcançou. Sepultados com Cristo, pelo batismo na morte com Ele ressuscitamos para a vida eterna. Nisto consiste, verdadeiramente, a fonte da esperança cristã”, realçou.
“Neste dia podemos dizer que a Igreja celeste que ontem [1 de novembro] celebrámos se une à Igreja terrestre, que somos nós, para rezar pela Igreja que está a caminho do céu, aqueles que nós chamamos e que foram fiéis. Por isso, nesta celebração sentimos toda a Igreja unida e reunida em eucaristia, invocando o Senhor da vida”, prosseguiu.