No dia de ontem, em que a Igreja celebrou a memória litúrgica dos fiéis defuntos, em Portugal foi também dia de luto nacional e homenagem a todos os falecidos, em especial às vítimas da pandemia, que já provocou mais de 2500 mortes e o bispo do Algarve também teve presente essa intenção.

“Este ano, de maneira particular, unindo-nos até a este luto nacional por todos aqueles que morreram vítimas da pandemia. Não queremos esquecer inclusivamente os seus familiares e todos aqueles que sofrem toda a espécie de consequências devido a esta pandemia”, afirmou D. Manuel Quintas na celebração da eucaristia a que presidiu na Sé de Faro.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O responsável católico lembrou ainda os falecidos “pelas dificuldades em lhes prestar o cuidado devido que a sua situação frágil e debilitada exigia”. “Não esquecemos nesta eucaristia igualmente os familiares de todos os falecidos que se viram impossibilitados de lhe prestar o luto, o afeto, a homenagem que o seu coração lhes ditava”, acrescentou.

D. Manuel Quintas recordou que a diocese algarvia teve presente esta mesma intenção logo na primeira eucaristia, celebrada após o confinamento geral, no passado dia 31 de maio e acrescentou que no próximo dia 14 deste mês, em Fátima, os bispos de Portugal também celebrarão uma eucaristia pelas vítimas da covid-19.

O bispo diocesano tem presidido nos últimos anos à celebração da memória litúrgica dos Fiéis Defuntos no Cemitério da Esperança, o que este ano não aconteceu devido à pandemia de covid-19. Em Faro, em substituição daquela celebração, as paróquias da cidade celebraram ontem missas nas suas igrejas, presididas pelos respetivos párocos.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas lembrou que aquela eucaristia anual visa também rezar pelos bispos do Algarve falecidos. Nesse sentido, lembrou particularmente os últimos cinco que serviram a diocese de 1920 a 1988. “Queremos tê-los presentes na nossa oração em sufrágio da sua alma e também na gratidão pelo dom do seu serviço. Cada um serviu a diocese a seu modo, mas certamente todos com o amor e o zelo de apóstolos de Cristo e do evangelho. Estamos gratos a todos e hoje, por evocarmos de Deus para cada um a feliz recompensa do céu, queremos também dar graças a Deus pelo dom da sua vida, pelo seu serviço dedicado e generoso e pela sua grande solicitude como pastores da nossa Igreja diocesana”, afirmou, sustentando que essa gratidão estende também a D. Manuel Madureira, bispo emérito da diocese, de 83 anos, “felizmente ainda vivo”, para que pediu o “dom da saúde”.

O bispo do Algarve lembrou que, “à luz da fé, celebrar a morte é sempre imbuí-la da dimensão pascal de Cristo”. “Para nós celebrar a morte é celebrar a vida, a vida nova que recebemos do batismo e a vida eterna que nos é garantida pela ressurreição de Cristo e garantia da nossa ressurreição”, afirmou, acrescentando que “a morte não deve ser vista como o fim de tudo, mas como o princípio da verdadeira vida em Cristo”. “Não se trata de uma simples consolação humana, mas de uma certeza de vitória sobre a morte que Cristo ressuscitado nos alcançou. Sepultados com Cristo, pelo batismo na morte com Ele ressuscitamos para a vida eterna. Nisto consiste, verdadeiramente, a fonte da esperança cristã”, realçou.

“Neste dia podemos dizer que a Igreja celeste que ontem [1 de novembro] celebrámos se une à Igreja terrestre, que somos nós, para rezar pela Igreja que está a caminho do céu, aqueles que nós chamamos e que foram fiéis. Por isso, nesta celebração sentimos toda a Igreja unida e reunida em eucaristia, invocando o Senhor da vida”, prosseguiu.