Para a representante da iniciativa, "comer devagar não é sentar-se e levar três horas comendo, mas sim pensar o que se vai comer e resgatar também os valores da alimentação reunindo a família e os amigos".
O ‘Slowfood’ "une ética e prazer e quer devolver a dignidade cultural à alimentação”, explicou à Lusa Otília Eusébio.
À margem da apresentação, que decorreu na Fundação Viegas Carreiro, na típica aldeia de Querença, no interior de Loulé, Otília Eusébio explicou que o movimento gostaria de ter uma sede no Algarve, mas “numa zona mais rural do que urbana”.
Segundo Otília Eusébio, o ‘Slowfood’ está comprometido com “a protecção dos alimentos tradicionais e sustentáveis de qualidade”, com os “ingredientes primários”, “conservação de métodos de cultivo e processamento” e com a “defesa da biodiversidade das espécies cultivadas como silvestres”.
Entre as iniciativas que pretende levar a cabo na região estão as “Oficinas do Gosto”, com duração de uma hora e que vão permitir aos participantes degustar os produtos, enquanto ouvem as explicações dos produtores e especialistas.
Trabalhar com as escolas para criar hortas escolares e aproximar as crianças às comunidades do alimento ou dar formação a professores para compartilharem esses conhecimentos com alunos e pais nos programas da "Educação do Gosto" são outros objetivos.
O movimento "Convivium" (palavra latina que significa festim, entretenimento, banquete) defende que um alimento deve ser “bom, limpo e justo”, e acredita que a gastronomia está associada à política, à agricultura e ao meio ambiente.
“Ao treinar os nossos sentidos para compreender e apreciar o prazer que o alimento proporciona, também abrimos nossos olhos para o mundo”, acrescenta Otília Eusébio.
O "Slowfood", com “chefs” adeptos do movimento a tentarem implementar a filosofia nos estabelecimentos, é uma organização internacional sem fins lucrativos mantida pelos seus associados e tem mais de 85 mil membros em mais de mil delegações locais, espalhadas por 132 países.