Decorreu na passada sexta-feira, 05 de janeiro, com a presença da secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, a cerimónia de lançamento da primeira pedra da obra de ampliação da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) do Centro Paroquial de Cachopo.

A intervenção dotará o edifício de mais 14 quartos (nove duplos, quatro simples e um triplo) para mais 25 utentes, passando a instituição de 30 idosos acolhidos para 55.
Ana Sofia Antunes explicou ter sido autorizado um acréscimo de 20% do financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para fazer face à inflação. “O valor que inicialmente tínhamos de comparticipação pública para esta obra de 970 mil euros passou para 1,2 milhões”, afirmou a governante.

Ana Sofia Antunes contou que convenceu o diácono Albino Martins, presidente do Centro Paroquial de Cachopo, a não desistir da obra por a instituição não ter o valor diferencial. “Mandámos um sms à presidente da Câmara de Tavira a dizer que precisávamos de apoio senão a obra caía. Com esse apoio imprescindível da Câmara Municipal de Tavira, que nos vai ajudar com uma boa parte daquilo que falta, ficou salva a ERPI de Cachopo”, anunciou a secretária de Estado, explicando que a sua presença naquele ato visou honrar um compromisso que assumiu com o presidente da instituição.

Ana Sofia Antunes adiantou ainda que o Centro Paroquial de Cachopo “em breve passará a poder contar novamente, ao fim de 17 anos, com [educação] pré-escolar”. “São 10 crianças e, se calhar, para o ano já são 12. E tenho quase a certeza que também vamos conseguir ter aqui uma creche. Isto é que é trabalhar em prol do interior”, afirmou a governante, referindo-se à obra em curso de readaptação do edifício do antigo Centro Infantil de Cachopo para o ensino pré-escolar que também visitou naquele dia.

“Acima de tudo, interessa é trazer dinamismo, população, juventude, trabalho, confiança a estes territórios para que eles não se desertifiquem e para que paremos com este fenómeno de as populações se concentrarem todas nas mesmas zonas à procura das mesmas oportunidades”, prosseguiu.


O diácono Albino Martins reclamou da Câmara de Tavira o “olhar com a diferenciação positiva” que a “instituição merece, sob pena de tudo desmoronar e o interior ficar irremediavelmente desertificado”. “Aliás, esta questão da diferenciação positiva tem de merecer do governo uma análise séria. Não se pode comparticipar de igual modo as instituições quando as realidades geográficas são diferentes, sob pena destas IPSS desaparecerem”, alertou.

Aquele responsável referiu-se àquele “outro Algarve, em plena serra de Tavira, distante da sede de concelho 42 quilómetros”, lembrando que aquela que é a “segunda maior freguesia do Algarve” já só tem cerca de 500 habitantes. “Daqui os jovens partem depois de constituírem família. Ficam os idosos, muitas vezes sós no seu vasto território com mais de 40 montes, alguns com apenas um ou dois moradores”, contou.
O presidente do Centro Paroquial de Cachopo explicou que a instituição, com 50 colaboradores, se tem valido de trabalhadores de outras nacionalidades como o Brasil, Sri Lanka, Peru ou Timor, sendo que desta última chegaram como vítimas de tráfico humano. O diácono testemunhou ainda que a capacidade da ERPI, 30 utentes, a coloca “há vários anos numa situação difícil quanto à sustentabilidade financeira” e destacou que, “com a conclusão das obras, aumentará significativamente os seus recursos humanos”.
Aquele responsável agradeceu à Câmara de Tavira a oferta do projeto de arquitetura e o apoio do gabinete técnico de obras, bem como a promessa de se manter ao lado da instituição no “exigente acompanhamento” da empreitada.
O presidente da instituição agradeceu ainda à Renascença pela campanha de Natal realizada. “Cachopo tem sido notícia. Já recebemos retorno financeiro. Neste momento 18.000 euros”, anunciou sobre o resultado à data da campanha que visa financiar a compra de equipamento necessário para a ampliação da ERPI.
O diácono Albino Martins deixou também “uma palavra de gratidão ao Sporting Clube Farense e ao seu presidente João Barão Rodrigues por se unir a esta causa e pelas iniciativas em curso” a favor daquela IPSS no âmbito da sua responsabilidade social. “O clube da capital algarvia olha para o outro Algarve com proximidade e generosidade”, considerou.
O responsável agradeceu ainda ao hotel Maria Nova Lounge pelo jantar solidário ocorrido no verão passado e ao presidente do Conselho de Administração do Benamor Golf “pela promessa de oferta de um buggy”.

A diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social agradeceu à direção do Centro Paroquial por ir conseguindo manter a sua sustentabilidade financeira, pela “resposta que dá aos idosos”, mas também por ser um “grande empregador para as pessoas que vêm para o interior”, contrariando a desertificação daquela parcela do território. “Em boa hora já temos pré-escolar e, quem sabe, em breve outras respostas para que este interior não seja tão envelhecido. Precisamos de pessoas novas cá a trabalhar, que tenham filhos e mantenham viva esta linda terra que é Cachopo”, afirmou Margarida Flores.

O presidente da Junta de Freguesia também destacou a “gestão eficiente dos recursos” que a instituição faz e também às “instâncias públicas” para que promovam “discriminação positiva”. Rafael Ribeiro Dias agradeceu à direção do lar por ser “a maior entidade empregadora da freguesia e por ter a audácia e a capacidade de pensar um projeto desta dimensão para o futuro e evolução” de Cachopo.

Já o vice-presidente da Câmara de Tavira considerou a ampliação da ERPI uma “mais-valia” para aquele território, procurando “dar respostas concretas a uma população cada vez mais envelhecida” necessitada de “cuidados de apoio e de integração social”. Eurico Palma agradeceu ao bispo do Algarve “por este ser um dos muitos projetos sociais que a Igreja tem junto das populações e que denota aquilo que é o verdadeiro trabalho pastoral de uma Igreja que se faz presente todos os dias junto dos mais carenciados e dos mais vulneráveis”. “O município de Tavira, mais uma vez, estará ao lado do Centro Paroquial com o apoio financeiro e técnico especializado para que a obra tão necessária e urgente se efetive”, prometeu.

O bispo do Algarve, que procedeu à bênção da primeira pedra, considerou a obra “uma expressão de fé”, um “testemunho de gratidão” e também um “sinal de esperança”. “É bom que se saiba que nestas instituições a dimensão da fé é uma mais-valia que não é indiferente daquilo que diz respeito à gestão e à administração”, referiu D. Manuel Quintas, manifestando a sua “gratidão a todos que, de tantos modos, contribuíram e vão continuar a contribuir para a construção”. “Não apenas aqueles diretamente ligados à própria obra, mas também benfeitores e conhecidos”, especificou.
Relativamente ao último aspeto considerou que a ampliação “vai constituir um sinal de esperança para quantos esperam ser acolhidos” ali. “Estou certo de que esta ampliação possibilitará a esta instituição, no que respeita à sua sustentabilidade, olhar para o futuro com maior esperança”, declarou, considerando que aquele lar ampliado “vai continuar a ser um farol de esperança e de amor presente em tantos gestos fraternos, reflexo dos gestos e atitudes de Cristo”.