O representante dos trabalhadores na comissão de credores, José Carlos, diz que partiram para a reunião, no Pavilhão de Feiras da Câmara Municipal de Silves, "com a expetativa de que se possa encontrar com os fornecedores uma solução que permita salvar os postos de trabalho e a empresa".

"Esta será também uma reunião mais alargada, com um maior número de fornecedores e com a presença de deputados e outras personalidades, de forma a sensibilizar todos para que o problema da Alicoop não é só de uma empresa, mas tem uma forte dimensão regional", afirmou a mesma fonte.

O representante dos trabalhadores referia-se a mais de uma centena de fornecedores e produtores do Algarve que também serão afetados se a empresa encerrar e não for viabilizada.

A reunião foi convocada pelo auto-denominado ‘Movimento de Fornecedores, Trabalhadores e Senhorios do Grupo Alicoop’, que pretende converter em capital social cerca de 17 milhões de euros de créditos dos seus membros sobre o património do grupo em insolvência desde agosto de 2009.

Segundo o porta-voz do movimento, Joaquim Cruz, o apoio ao projeto de salvação da cooperativa e das três empresas que detém (Alisuper, Macral e Geneco) terá já merecido luz verde do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), mas continua a aguardar aprovação do segundo maior credor, a Caixa Geral de Depósitos.

"Estamos à espera que o presidente do banco responda ao nosso pedido de reunião para lhe explicar o nosso projeto", disse à Lusa.

Joaquim Cruz refere que a proposta em cima da mesa é capaz de "aligeirar a situação financeira da Alicoop", reduzindo as dívidas da cooperativa atualmente avaliadas em 80 milhões de euros, e "permite manter os supermercados em funcionamento".

"Temos que mostrar às pessoas que a liquidação da Alicoop é uma calamidade para todo o Algarve, pois não vão ser apenas os seus 500 funcionários a ficar no desemprego, são todos os outros que trabalham nestas quase 180 pequenas empresas familiares que tinham a cooperativa como a única forma de escoar os seus produtos", explicou.

Os fornecedores, trabalhadores e senhorios das lojas Alisuper reprovam, inclusive, a proposta de compra de 39 estabelecimentos da cadeia por parte do grupo de distribuição GCT, pois consideram ter "tudo a perder" com o que classificam de "venda de lojas ao desbarato".

Pedem, por isso, "bom-senso" à Caixa Geral de Depósitos neste processo, recordando que "os responsáveis da PME Investimentos abriram uma porta à viabilização da empresa através do FACCE [Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas], capaz de financiar até 40 por cento da capitalização necessária".

Todos os supermercados da cadeia estão encerrados desde o início de maio, com o intuito de viabilizar a empresa e não agravar a dívida, uma vez que a comissão de credores não foi capaz de encontrar consenso quanto ao plano de viabilização.

O projeto, elaborado pela Deloitte, prevê a reconversão da cadeia Alisuper numa insígnia internacional. Tem o aval do maior credor, o Millennium BCP, mas não da Caixa Geral de Depósitos, que alega já ter "levado o seu nível de apoio até ao limite".

Lusa