A fraca adesão dos jovens ao Banco de Tempo de Quarteira preocupa as coordenadoras da agência, que querem garantir o futuro do grupo, atualmente com cem membros e cujas idades oscilam entre os 50 e os 80 anos.
Esta agência do Banco de Tempo, criada há 11 anos, tem conseguido manter-se em atividade graças a um núcleo de pessoas que insistem em ressuscitar o espírito de vizinhança, contaram à Lusa as suas coordenadoras, acrescentando que a companhia, a costura e o transporte são dos serviços que mais se trocam.
Gilberta Alambre, ex-funcionária pública de 67 anos e membro número dois do banco, assume ter pena que não haja “gente mais nova”, pois a atual organização não consegue garantir “um projeto de futuro”, uma vez que a maioria dos membros, sobretudo mulheres, já está na idade da reforma.
A também coordenadora Isabel Pinto, de 73 anos, considera que seria importante cativar mais mães e casais jovens, pois a troca de serviços poderia ajudar “a poupar tempo a essas pessoas”.
Isabel Pinto sublinha que uma das coisas que se troca muito no Banco de Tempo é a companhia: para passear, ir ao cinema, ao teatro ou fazer excursões.
Segundo Gilberta Alambre, em 2013 o Banco de Tempo (BT) de Quarteira registou quase 300 horas de serviços prestados, mas já chegou a ter anualmente perto de 500 horas, não existindo troca direta de serviços.
“Não há troca direta. Eu posso pedir à D. Isabel um transporte e ela pode pedir a outra pessoa para lhe fazer um bolo”, exemplifica, referindo que são acumuladas horas pelos serviços prestados, que são depositadas em cheques na conta de cada membro.
Sem sede própria, o Banco de Tempo de Quarteira funciona no Centro Comunitário António Aleixo, local onde são recebidos os pedidos de serviços e onde são feitos os depósitos dos cheques de tempo.
O grupo colabora regularmente com a divisão de ação social da Câmara de Loulé, o Centro Comunitário António Aleixo e a Junta de Freguesia de Quarteira e tem tentado divulgar a sua atividade em eventos culturais.
“Há aqui um conjunto de sinergias que se têm potenciado numa rede mais alargada que a própria filosofia do Banco de Tempo, o que também é bom para as pessoas, que se sentem elementos úteis para a comunidade”, conclui Gilberta Alambre.
Atualmente, o Banco de Tempo de Quarteira prepara-se para abraçar mais um desafio lançado a nível nacional, que visa a divulgação e promoção do comércio justo.
Ambas as coordenadoras gostariam, também, de ver criados bancos de tempo juniores, nas escolas.