De acordo com o presidente da associação Submar, Luís Sá Couto, "os trabalhos de descontaminação e limpeza, que decorreram ao longo de sete meses, estão concluídos e já foram emitidas as licenças para que se proceda ao afundamento do navio".

A fragata Hermenegildo Capelo é o terceiro dos quatro navios da Marinha que vão integrar o "Ocean Revival", um parque subaquático para mergulho, na costa algarvia, depois dos afundamentos da corveta "Oliveira e Carmo" e do navio patrulha "Zambeze", em 2012. "Óleos, amianto e todas as substâncias nocivas e perigosas foram retiradas, restando apenas o casco e alguns materiais que não representam perigos de contaminação do meio marinho", observou Luís Sá Couto.

De acordo com o promotor, os trabalhos de descontaminação dos quatro navios estão orçados em cerca de 2,4 milhões de euros, verba que está a ser angariada pela empresa junto de grupos privados.

"Devido à conjuntura económica, a angariação de verbas tem sido muito complicada, porque atravessamos uns tempos muito maus, há outras prioridades e já passou o tempo em que havia disponibilidade para estas coisas", referiu Luís Sá Couto.

Segundo o responsável, "a maioria das verbas angariadas é proveniente de mergulhadores e pessoas ligadas à temática do mergulho, existindo ainda esperança de se conseguirem alguns fundos de apoio europeu".

O projeto "Ocean Revival" tem um custo global estimado de três milhões de euros e irá criar um recife artificial para dinamizar e explorar o turismo de mergulho no Algarve.

"Este segmento de mercado permite colocar a região no circuito internacional de mergulho, devido ao clima e à abundância de espécies de fauna e flora marítima", destacou Luís Sá Couto.

Segundo Sá Couto, desde que os dois primeiros navios foram afundados, já foram realizados cerca de 2.400 mergulhos, "o que demonstra bem a importância deste projeto".

A fragata Hermenegildo Capelo F481, a única sobrevivente da classe em Portugal, foi adquirida na década de 60 do século XX e com várias missões nas águas africanas e no Extremo Oriente, foi o primeiro navio da Marinha de Guerra Portuguesa a incorporar militares femininos.

Com 2.700 toneladas e 102 metros de comprimento, o navio vai juntar-se no sábado, pelas 13:00, à corveta Oliveira e Carmo e ao navio-patrulha Zambeze, afundados em 2012, seguindo-se, em setembro, o afundamento do navio oceanográfico Almeida Carvalho.

Os quatro navios foram cedidos a custo zero pela Marinha Portuguesa à Câmara de Portimão, que estabeleceu uma parceria com a empresa Submar, já que o promotor privado não podia receber os navios diretamente da Marinha.

As embarcações ficam submersas a 30 metros de profundidade, assentes num banco de areia a 5,5 quilómetros ao largo de Alvor, ficando a parte mais alta do navio a cerca de 15 metros da superfície, para não causar impedimentos à circulação marítima.

Lusa