Constituída actualmente pelo padre Atalívio Rito, por uma religiosa e por um casal consagrado, aquela comunidade, que se enquadra dentro dos novos movimentos da Igreja, com um carisma forte para estar com os mais pobres, está responsável pelo trabalho pastoral das paróquias de Alcoutim, Giões e Pereiro, no nordeste algarvio.
Esta será a quarta fundação da comunidade depois de El Salvador, Guatemala (a abrir presentemente) e Espanha, a primeira a ser construída pela comunidade-mãe de ONUVA em Pueblo del Rio, Sevilha.
A obra, a construir num terreno já adquirido pela comunidade com cerca de 7,5 hectares a 13 quilómetros de Alcoutim e fácil acesso ao IC 27, terá capacidade para cerca de 35 utentes, podendo acolher acamados que não tenham ninguém que lhes possa prestar apoio. Essa é, aliás, a condição primordial para os candidatos serem aceites na instituição. “Queremos beneficiar os mais pobres. Pretendemos acolher aqueles que não têm ninguém como os deficientes ou desvalidos do foro psicológico ou psiquiátrico, os mais maltratados da sociedade, pessoas muito marcadas pela dor e pelo azar”, sublinha o padre Atalívio Rito.
O sacerdote acrescenta que a instituição acolherá prioritariamente utentes do concelho de Alcoutim, embora não exclusivamente. “Há por aqui cerca de 100 pessoas que precisam de ajuda e amparo, mas se houver noutros pontos do Algarve quem precise de ajuda e não tenha ninguém, avaliaremos a possibilidade de o integrar”, explicou, garantindo que “o concelho tem muitas necessidades ao nível do apoio a pessoas dependentes”. “Todo o concelho de Alcoutim é um asilo a céu aberto”, afirmou, testemunhando por isso que “as pessoas estão desejando que a obra comece”.
Vocacionada apenas para o acolhimento de internos, a obra de um piso térreo, cuja área de construção rondará um hectare, contará ainda com ateliês de cerâmica, arte e bordados, uma horta pedagógica, uma oficina, gabinete médico, enfermaria, farmácia, fisioterapia e ginásio. Segundo o padre Atalívio Rito, deverá ser assegurada por cerca de “sete consagrados da comunidade com mais um ou dois funcionários”. “Também haverá espaço para voluntariado, para pessoas que queiram fazer uma experiência de missão e serviço”, acrescenta ainda o sacerdote.
Relativamente aos apoios, o pároco de Alcoutim, Pereiro e Giões, tem apenas uma certeza. “Não queremos recorrer a entidades oficiais de modo a comprometer a obra, mas faremos uma averiguação junto da Câmara Municipal local”, refere, assegurando que a autarquia “está interessada e compromete-se a ajudar”. “Não queremos o apoio da Segurança Social porque ficamos cativos de obrigações que nos impõem”, justifica.
O sacerdote adianta, no entanto, que os financiamentos “vêm da comunidade através de donativos para a construção” ou de um “fundo comum” ao qual poderão recorrer para apoio na construção da obra que não sabe ainda quanto poderá custar. “Fazemos a obra sem dinheiro porque a comunidade crê e confia que Deus quer as coisas e as coisas fazem-se. Tudo é providencial e até agora nunca deixámos de fazer nada por isso”, esclarece o padre Atalívio Rito, acrescentando já ter promessas de ofertas de material e de outros apoios de particulares.
A construção do edifício terá início com a construção da capela dedicada a Nossa Senhora das Graças, padroeira da instituição, cuja imagem já está na comunidade do nordeste algarvio. “Queremos que daqui a um ano a obra seja inaugurada”, refere determinado o sacerdote, sublinhando a urgência daquela infra-estrutura.
O padre Atalívio Rito explica ainda porque surgiu a ideia de avançar com este projecto. “Sentimos necessidade de aparecer com o nosso carisma para que possamos pôr ao serviço da Igreja, não só o que fazemos mas também aquilo que somos”, refere.
O Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, já manifestou o seu regozijo e reconhecimento aos responsáveis e demais membros da Fraternidade da Mãe de Deus pela decisão erguerem esta obra social que “pretende exprimir de modo mais pleno o seu carisma de serviço aos «últimos» e enriquecer com ele a Igreja diocesana do Algarve”.
Os interessados em colaborar com o projecto poderão fazer os seus donativos através do NIB 003500360000520373061 da conta da Caixa Geral de Depósitos.
Samuel Mendonça