Numa curta declaração à saída do Palácio da Justiça, em Lisboa, antes de viajar para Inglaterra, Gerry notou que “é um livro que está em julgamento” desde terça-feira na 7.ª Vara Cível de Lisboa e não os pais da menina Madeleine desaparecida a 03 de Maio de 2007, no Algarve.
“Não é a Kate e eu que estamos a ser julgados neste processo”, observou Gerry, referindo que “para algumas pessoas pode ter sido essa a ideia que passou” depois dos depoimentos das testemunhas de defesa na terça-feira, que defenderam que a teoria do livro ex-inspector da PJ resulta da investigação.
“Nos últimos dois dias, ouviu-se muito a tese de Gonçalo Amaral de que Maddie está morta. É preciso dizer que não existem absolutamente nenhumas provas que suportem essa teoria”, declarou, aludindo ao despacho de não levar o casal inglês a tribunal, a 21 de Julho de 2008.
Expressando empenhamento por continuar a tentar encontrar a filha, Gerry, sem esconder alguma emoção, afirmou que “o que existe são indícios mínimos que não têm sustentação, o que faz com que esta tese prove unicamente que Maddie está provavelmente viva”.
O pai de Madeleine McCann refutou ter recorrido ao tribunal para silenciar Gonçalo Amaral, salientando que a investigação deve produzir provas, mas que estas “não devem ser públicas de molde a prejudicarem pessoas”.
“Nós entendemos que todas as teses têm de ser consideradas e acreditamos fortemente que têm de ser eliminadas na investigação”, acrescentou, sublinhando que a difusão da tese através de Gonçalo Amaral permitiu o julgamento do casal pela opinião pública.
Gerry negou ainda que estivesse a colocar em causa a investigação da Polícia Judiciária com as críticas a Gonçalo Amaral pela tese de morte da filha, de simulação de rapto e de ocultação de cadáver reproduzida no livro lançado no Verão de 2008.
“Nunca criticámos a Polícia portuguesa. Gonçalo Amaral é um polícia reformado que escreveu um livro que nunca devia ter escrito. E é por isso que existe esta acção”, referiu, salientando que o casal sempre esteve disponível, mesmo em Agosto de 2007, quando foram constituídos arguidos.
Gerry recordou que o casal “não desapareceu” e que ficou “à espera que fossem ouvidos”, porque, vincou, “pensamos que era o melhor que podíamos fazer em vez de voltar a casa”.
Lembrou ainda que pediram “uma reconstituição o mais cedo possível” e que “a decisão de não a fazer” não lhes pertenceu, afirmando que os McCann continuarão a lutar na Justiça se for levantada a providência cautelar de proibição do livro e do vídeo baseado no documentário exidido na TVI.
O livro “Maddie – A Verdade da Mentira” foi publicado em finais de Julho de 2008 e lança a suspeita de que os pais da criança inglesa terão participado na ocultação do cadáver.
Além de Gonçalo Amaral, são visadas neste processo a editora “Guerra & Paz”, a TVI, que exibiu documentário baseado no livro, e a produtora Valentim de Carvalho, pela comercialização de vídeo baseado no programa televisivo.